por Henrique Trejgier
Um caso clássico de esquizofrenia.
A mãe da moça, abandona a carreira de bailarina para cuidar dela quando nasce.
Mas, faz isso odiando esta decisão e joga a culpa na própria filha. (Chamamos isso de relação de duplo vínculo e gera esquizofrenia sim.)
A mãe controla e domina a filha forçando-a a ser bailarina para realizar seu sonho frustrado (chamado de ideal narcísico dos pais).
A filha, fica sem vida própria, e não suporta esta cisão entre mãe boa que cuidou dela e mãe má que obriga-a sofrer pelo enorme esforço de se tornar a melhor bailarina.
Isto gera a cisão do ego em dois comportamentos antagônicos. As alucinações que a filha sofre, como na cena das pinturas se mexendo, ou na cena em que ela acha que mata a amiga com o pedaço do espelho, ou mesmo no pé se transformando em nadadeira, surgem devido a energia acumulada pela tensão do seu conflito interno que é deslocado para os sentidos, especialmente a visão e audição, sendo convertida em alucinações que para o esquizofrênico, são percebidas como reais. (Isto acontece porque o conflito emocional se dá no sistema límbico, onde cruzam os nervos ópticos e auditivos).
A filha é desprovida de personalidade própria, nem é a menina meiga e nem o malévola cisne negro, porque é apenas uma marionete da mãe.
Estes 2 comportamentos se alternam e são meras atuações do conflito interno e surgem diante do acúmulo de tensão conforme se aproxima de conseguir realizar o seu desejo real.
A filha deseja o amor da mãe, mas é frustrada porque percebe que não é amor que recebe, e sim que a mãe quer realizar o seu ideal narcísico as custas de sua vida própria. Então odeia isso.
Mas, a censura (superego) diz: não se pode odiar a mãe. Então a filha reprime este ódio no inconsciente.
Mas o ódio reprimido vai se acumulando e retorna gerando o conflito emocional entre amar e odiar a mãe.
Não sendo capaz de integrar estas duas emoções de igual força, a filha atua os 2 comportamentos, numa personalidade esquizóide (dividida), até começar a ter as alucinações (frenesi), que resulta no quadro de esquizofrenia.
A "amiga alucinatória" representa a própria mãe. É formada pelo desejo de ter uma mãe que a ensinasse ter a própria vida: a ser sociável, fazer amigos, gozar...
Assim como o coreógrafo representa o pai, que ela também odeia por ele ser ausente. (não me lembro de nada sobre o pai da moça, creio que foi uma relação casual da mãe.)
Veja como o ódio e a destrutividade reprimidos formam reativamente o aspecto virginal.
Por isso que eu sempre digo, se alguém é "muito bonzinho" preste atenção em dobro. Está escondendo muito ódio.
O desejo real da filha é ter o amor da mãe, (porque se a mãe a amasse, prevaleceria a mãe boa e a filha poderia integrar o seu ego ao invés de cindi-lo), mas o conflito interno evolui ao ponto que ela se fere mortalmente, durante um surto alucinatório, especialmente para representar a cena da morte do cisne, morrendo na realidade, mas com perfeição, atendendo ao desejo da sua mãe, de ser uma bailarina perfeita, para se sentir amada pela mãe.
(fonte)
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