Sintomas e tratamentos
André Trigueiro segue divulgando seu livro sobre o suicídio e sua possível prevenção
O suicídio pode ser prevenido em 90% dos casos
Fruto de vasta e atualizada pesquisa, o livro “Viver é a Melhor Opção: A Prevenção do Suicídio no Brasil e no Mundo” (Editora Correio Fraterno) será lançado nesta sexta-feira (12), em Belo Horizonte. Escrito pelo jornalista André Trigueiro, a publicação esclarece e previne sobre um assunto ainda tabu – especialmente entre os brasileiros – por meio de uma ferramenta simples e poderosa: a
informação.
Trigueiro informa que, atualmente, o Brasil tem cerca de 11 mil casos de suicídio confirmados por ano. Conjunturas socioeconômicas, familiares e afetivas, além de doenças psicológicas estão entre as causas do suicídio. Para calçar esta abordagem, Trigueiro coletou dados relativos à saúde pública de vários países referentes aos índices de suicídio, além de reunir e alinhavar estudos sobre o tema. Porém, tudo é organizado para trazer o assunto para perto do leitor.
Mesmo sendo um problema tão presente na vida de tanta gente, Trigueiro revela que há pouca oferta de títulos que dialogam de forma clara e objetiva com as pessoas comuns. O jornalista diz que grande parte das publicações são destinadas basicamente a estudiosos ou profissionais de saúde.
O estudo aponta pesquisas que explicam porquê o suicídio pode ser prevenido em 90% dos casos e por que ele é considerado
caso de saúde pública no Brasil e no mundo. “Além disso, mostra o que está ao nosso alcance de fazer para reverter este caso”, completa Trigueiro.
André Trigueiro estará no “Sempre um Papo”, nesta sexta-feira (12), às 19h30, no Hospital Mater Dei (av. do Contorno, 900, bairro Santo Agostinho). Sábado (13), às 11h, ele estará em Sete Lagoas, no auditório do Unifemm (av. Marechal Castelo Branco, 2.765, bairro Santo Antônio).
A seguir, leia a
entrevista completa que André Trigueiro concedeu ao Hoje em Dia:
Por que tocar neste tema?AT - Como jornalista, evidentemente, este tema é relevante. E me chamou a atenção o fato de ele ser
tão importante quanto invisível, tão urgente quanto ser objeto de tabu e isso, para mim, virou uma questão. Por que não conseguimos prestar atenção, minimamente, nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)? Desde o ano 2000, a OMS orienta profissionais de comunicação do mundo inteiro sobre a necessidade de informar à população em relação a problemas, principalmente na área da saúde mental, no que se refere à depressão e alterações de humor, e a relação que existe entre estas patologias e o suicídio.
Em que aspecto seu livro vai além no que se refere ao debate sobre o suicídio?AT - Não há fartura de títulos que procurem dialogar de forma clara e objetiva com as pessoas comuns, e não apenas com estudiosos de psicologia ou psiquiatria ou profissionais de saúde. Por meio de uma linguagem clara e objetiva, procuramos reportar conhecimentos importantes na área da ciência que explicam porquê que, por exemplo, o suicídio pode ser prevenido em 90% dos casos. Ou mesmo, porque ele é considerado caso de saúde pública no Brasil e no mundo e o que está ao nosso alcance fazer para reverter este quadro.
Qual foi o estopim para que você publicasse este livro justamente agora?AT - Estudo este assunto desde 1999. Mas em setembro do ano passado foi publicado o mais amplo relatório da OMS sobre este tema. Eu achei que era a culminância. Achei que devíamos aproveitar este mote. Deu tempo de incluir no livro passagens da cerimônia do Oscar, deste ano, em que dois dos agraciados reportaram problemas em relação ao suicídio – isso em uma transmissão ao vivo transmitida para mais de 200 países, com mais de 1 bilhão de espectadores. Além disso, o suicídio de Robin Williams, no ano passado, foi o tema mais clicado no Google, no mundo inteiro.
Interessante... Triste, mas interessante.AT - É um assunto que as pessoas vivenciam. Todo mundo conhece um vizinho, um amigo, um parente que já cometeu, mas este assunto não é discutido, não é comentado e não aparece na mídia. Como se explica isso? Imagine São Paulo, que até hoje está enfrentando uma epidemia de dengue... É uma comparação imperfeita, mas serve para entender o quanto é importante falar, mas prevenção se faz com informação, como dizem os profissionais de saúde. Como falar seria enfrentar a dengue, sem falar de dengue?
É difícil.AT - Você deve se lembrar de um comercial da atriz Cássia Kiss, nos final dos anos 1980, na televisão, no qual ela aparecia apalpando os seios nus e ensinando as mulheres a identificarem caroços e nódulos. Muitos conservadores acharam pornográfico, que era uma devassidão... Agora, se perguntamos para um profissional de saúde que faz epidemiologia e que contabiliza casos de câncer de mama no Brasil, é possível ver como aquele comercial reduziu drasticamente a mortalidade e a remoção do seio, que é algo que traumatiza profundamente as mulheres. Por que um resultado tão bom na prevenção?
É o poder da informação.AT - Este livro não é autoajuda. É um livro que ajuda a ajudar.
No livro, os números referentes às ocorrências de suicídio no Brasil aparecem abaixo da média mundial. Como analisamos isso?AT - Isso em números relativos, ou seja, números de casos por grupo de 100 mil pessoas. Mas em números absolutos, temos um pouco mais de 11 mil casos confirmados por ano. Aí, o Brasil vai chegar ao 8º lugar no ranking mundial.
É muita gente!AT - É muito. Por isso que é caso de saúde pública.
Você cita algum caso de país onde existia uma taxa de suicídio muito alta, mas que, por meio de uma política pública implantada, e essa taxa diminuiu?AT - Houve alguns casos. Um exemplo é o Japão. O Japão tinha a dificuldade que o Brasil hoje enfrenta de tratar esse tema como um tabu. Quando o Japão resolveu tratar a prevenção do suicídio como política pública, articulando ações sob medida em diferentes lugares do país, em escolas, com dinâmicas, isso emprestou inteligência para a prevenção. A prevenção não pode ser um decreto, por meio do qual se baixa um “tijolaço”, e em todos os lugares se faz do mesmo jeito, para todas as pessoas. Não vai funcionar. É preciso inteligência na articulação. Lá, conseguiu-se até reverter taxas e em alguns casos, estabilizar a situação. É preciso assumir o problema e enfrentá-lo.
Quais são as situações peculiares de risco de suicídio no Brasil?AT - Há algumas. A manipulação indevida de agrotóxico libera substância voláteis. O agricultor quando respira aquilo, isso altera a bioquímica do cérebro e mergulha em profunda depressão. Há cidades no Sul do país, que tem um alto índice de suicídio, e que, provavelmente, é devido a esta relação. Outro fator importante são as comunidades indígenas envolvidas nos conflitos agrários e que são expulsas de suas terras. Há ainda as questões familiares, como nos casos de opressão à mulheres e aos homossexuais. Ele vivem em um ambiente que não favorece o bem-estar.
Há um termo que você usa no livro que é curioso: a “suicidologia”. O que é isso?AT - É uma nova área da ciência. Na verdade existem associações internacionais e congressos sobre o assunto.
Por que você teve a ideia de fazer este estudo e publicá-lo juntamente com as visões da Doutrina Espírita sobre o assunto?AT - A própria editora não o considera um livro espírita. A primeira parte, jornalística, numa conta grosseira seria aproximadamente 4/5 do livro. A ideia foi minha (o jornalista, que é repórter na TV Globo e possui livros e vasta atuação na cobertura de assuntos ligados à ecologia, é espírita há cerca de 30 anos). Mas independentemente da crença, todas as religiões, das mais importantes, do ocidente ou do oriente, convergem e coadunam no entendimento de que o suicídio não constitui alívio ou solução para os problemas. É um consenso. Mas os capítulos do livro não se misturam. É um respeito que eu tenho com qualquer pessoa que não tenha interesse ou afinidade com esta doutrina ou com qualquer visão religiosa. Apenas acho muito interessante que eu me posicionasse também em relação a esta linha de fé que eu sigo.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/almanaque/o-suicidio-pode-ser-prevenido-em-90-dos-casos-diz-autor-1.324553
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