Um grupo da Universidade Estadual do Ohio (EUA) acaba de apresentar sua, como diria certo famoso doutor fictício, criação. Um pequeno projeto de cérebro, do tamanho de uma borracha, desenvolvido a partir de células-tronco tiradas da pele de um adulto. Ele possui organelas identificáveis, como o princípio do nervo óptico, o hemisfério cerebral e a dobra cefálica, todas características de um cérebro embrionário humano de cinco semanas. Mas não é perfeito: os cientistas ainda não conseguiram introduzir nele o sistema circulatório.
Fizemos piada e pode até parecer começo de filme de terror, mas, na verdade, a pesquisa é do bem. Os cientistas criaram esse modelo para testar, palavras deles, de forma "ética", drogas experimentais e doenças neurológicas. A razão para a criação, que levou quatro anos, se deve ao fato de o cérebro de ratos de laboratório não ser sempre um modelo ideal para testar problemas humanos. O pequeno cérebro artificial é um modelo ideal para isso. E se você está preocupado: não, ele não pensa - as estruturas responsáveis pela consciência só surgem entre a 24ª e 28ª semana de gestação. Um órgão artificial só é vivo no sentido de que células de pessoas mortas há décadas podem ser vivas - sim, isso existe.
"Ele não apenas parece com o cérebro em desenvolvimento, mas seus tipos diversos de células expressam quase todos os genes como um cérebro", afirma Rene Arand, professor de química biológica e farmocologia da Universidade Estadual de Ohio. "Por um longo tempo temos lutado para resolver problemas complexos de doenças cerebrais, que causam dor e sofrimento tremendos. O poder desse modelo cerebral é promissor para a saúde humana porque ele nos dá opções melhores e mais relevantes para desenvolver terapias que [testes em] roedores."
Já faz alguns anos que cientistas têm criado órgãos humanos cultivados do "zero", a partir de células - e, desde então, órgãos simples, como dentes, bexigas ou traqueias, vêm sendo implantados em pacientes, ainda de forma experimental. Mas esta é a primeira vez que um cérebro, o órgão mais complexo e ainda envolto em mistérios, é desenvolvido tão convincentemente.
Em matéria de notícias de ficção científica, esta semana está rendendo. E, para quem está com saudades da paranoia, vale saber que entre os patrocinadores da pesquisa está a DARPA, a agência de pesquisa do exército americano. O propósito (oficialmente) é exatamente o que os cientistas disseram, testar novas drogas. No caso, para ajudar soldados com transtorno de estresse pós-traumático.
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