O cigarro eletrônico não é considerado pelos especialistas como uma técnica para parar de fumar, o que muitas vezes é confundido pelo grande público. Sua venda é proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde 2009, justamente por não haverem provas consistentes de seu uso ser seguro. Mesmo assim, muitos brasileiros o utilizam, pois ele pode ser facilmente obtido em outros países em que sua venda é autorizada, como os Estados Unidos.
Não há comprovação científica de que o cigarro eletrônico seja menos danoso que o cigarro comum. A alegação de ele só conter nicotina não é satisfatória, pois alguns dos refis contêm outras substâncias tóxicas do tabaco, mesmo que em muito menor quantidade.
Além disso, estudos recentes têm mostrado a relação entre a nicotina e o câncer. Um estudo publicado na revista científica PLoS One, em 2013 mostrou que a substância pode alterar a expressão dos genes da células, tornando mais provável o aparecimento da doença. Essas descobertas podem mudar as medidas de recomendação para esse tipo de terapia.
Diferente da terapia de reposição de nicotina (como o chiclete de nicotina e o adesivo de nicotina), nem sempre o usuário do cigarro eletrônico reduz gradualmente a quantidade dessa substância que ele está ingerindo. Como o cigarro eletrônico se diz inócuo, o usuário tende a continuar com a mesma quantidade de nicotina anterior. Ou seja, ele na verdade está trocando uma dependência por outra. Um dos problemas disso é que não existem estudos que mostrem as consequências à exposição à nicotina em longo prazo. Além disso, o fumante usa o vício como escudo para enfrentar situações de seu dia, e com o cigarro eletrônico ele continua tendo esse tipo de atitude.
Outro fator importante é a qualidade do refil ou do próprio aparelho. Hoje não há uma regulamentação para o cigarro eletrônico na maior parte dos países. Por isso mesmo, é comum que os usuários relatem sintomas como dores de garganta ou falta de ar ao usarem alguns tipos desse dispositivo. Não se sabe também se a fumaça emitida por esses aparelho é segura para quem está em volta. Por isso mesmo, a Anvisa o considera um dispositivo que libera substâncias derivadas do tabaco, e o cigarro eletrônico está sujeito às mesmas restrições que o cigarro comum em ambientes públicos.
A FDA, órgão regulamentador de drogas e alimentos nos Estados Unidos, começou a desenhar o protocolo para esses produtos ainda esse ano, e suas novas práticas pretendem tornar ainda mais rígido o controle desses produtos. Por exemplo, as marcas serão obrigadas a descrever a lista de ingredientes de seus produtos, para serem estudados pela agência. Além disso, eles não permitirão que as marcas aleguem que o cigarro eletrônico é mais saudável do que o cigarro convencional, a não ser que apresentem estudos científicos comprovando essa relação.
Outro medo dos especialistas em parar de fumar é que o cigarro eletrônico volte a fazer com que o número de tabagistas suba. Como existem refiz que tem sabores e não contém nicotina, ele pode ser usado por jovens, por exemplo. Para os pesquisadores, isso pode ser uma porta de entrada para o uso dos filtros com nicotina e à exposição ao vício. Além disso, ele pode ser uma porta de entrada para o uso do cigarro convencional e até mesmo para outras substâncias aditivas, como o álcool.