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Psiquiatra paraibana responde a questões essenciais sobre o suicídio e sua prevenção

"…É preciso compreender esse jogo mortal que leva da lucidez diante da existência à evasão para longe da luz." (Camus, 1942)

A morte voluntária passou de tema de estudos teológicos, filosóficos, para ser um objeto de estudo de outras áreas. Atualmente, muitas disciplinas se empenham para tentar compreender este ato tão particularmente humano. É importante perceber também que de um ato raro, este passou a ser freqüente e é considerado hoje um fenômeno de proporção considerável. O suicídio está incluído entre as três primeiras causas de óbito em vários países na faixa etária de 15 a 34 anos.

QUEM SE SUICIDA?

O suicídio é um fenômeno freqüente e está entre as dez principais causas de morte. Parece ser mais cometido por homens, porém as mulheres tentam mais o suicídio.

COMO PREVENIR?

Em alguns países foram feitos programas preventivos, inicialmente em Londres e Nova York, logo seguidos por outros países. Hoje, a prevenção ao suicídio é feita principalmente através de centros de atenção a crises, serviços de escuta telefônica etc. Estes programas visam não só reduzir a taxa de óbitos, mas também reduzir as tentativas e idéias suicidas.

QUAIS OS FATORES RELACIONADOS?

No suicídio, consideramos fatores de risco como aqueles que aumentam a chance do ato e atores de proteção (que reduz a chance do ato acontecer). Os estudos indicam haver fatores de risco fixos (inclui-se idade, sexo, raça, situação conjugal e econômica, orientação sexual, tentativas anteriores de suicídio e idéias suicidas). Outros fatores considerados modificáveis e, portanto, mais passíveis de prevenção. São eles: acesso fácil a métodos de suicídio, doenças mentais ou físicas, isolamento social, desesperança e insatisfação com a vida.

QUE CUIDADOS TOMAR EM RELAÇÃO A MÉTODOS DE SUICÍDIO?

Quando se fala em evitar o acesso, isto envolve diversas ações, como menor disponibilidade de substâncias tóxicas (medicamentos, gases, inseticidas etc.), posse ou acesso a armas de fogo e lugares potencialmente perigosos (edifícios, pontes etc.).

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS DOENÇAS MENTAIS

A presença de um transtorno mental é o principal fator de risco. Um trabalho anterior indicou que a quase totalidade das pessoas que se suicidam são portadoras de um transtorno mental, daí a importância de se fazer o tratamento correto. As principais doenças são: esquizofrenia, depressão, abuso de álcool ou ouras substâncias, ansiedade etc.

COMO DOENÇAS CLÍNICAS CONTRIBUEM PARA O SUICÍDIO?

Não só a presença de doenças ou fatores como dificuldades sociais, isolamento social etc., podem propiciar o suicídio, mas a forma como se considera tais dificuldades pode agir como um fator de risco.

O QUE SÃO FATORES DE PROTEÇÃO?

Apesar de ainda não existirem estudos avaliando como e quanto estes fatores agem, experiências clínicas e suposições indicam que a presença de alimentação adequada, repouso, segurança podem reduzir o impacto que os fatores adversos têm. Outros fatores que podem evitar o suicídio são: conseguir lidar bem com dificuldades, participar de grupos religiosos ou participar de grupos sociais.

COMO PREVENIR?

De uma maneira geral, as estratégias são realizadas de forma mais geral, como disponibilizar informações sobre suicídio na mídia, mais seletiva, como reduzir o acesso a métodos letais, ou tratamento de transtornos mentais.

CONCLUSÃO

Diversas pesquisas estão em curso na tentativa de esclarecer melhor o fenômeno do suicídio. No entanto, percebe-lo como um fenômeno multifacetado e complexo é essencial para possibilitar ações mais eficazes. Agir de modo amplo, integrando ações em prevenção e não esquecendo a necessidade de intervenções específicas, é crucial para reduzir a mortalidade pelo suicídio.

Andréia Lígia Vieira Correia
Médica Psiquiatra
CRM 4610 – PB
[email protected]
www.drpsiquiatra.med.br



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