É muito comum um borderline receber diagnósticos errôneos e fazer tratamentos mal-sucedidos por anos a fio, até sentar-se frustrado diante de um PC e pesquisar seus sintomas e acabar se auto-diagnosticando.
Foi o que aconteceu com quase todos os borderlines que conheço.
Primeiro você se sente como se não pertencesse à Terra e se deprime.
Cava um buraco e se isola.
Então procura ajuda profissional e o primeiro diagnóstico: Depressão.
Daí o médico vai testando tudo quanto é depressivo, calmante e até mesmo hipnótico no paciente que não sara nunca!
Mesmo porque o Transtorno de Personalidade Borderline não é uma doença, portanto não tem cura!
Mas como o Transtorno Borderline é de fato tratado também com antidepressivos, os sintomas podem se acalmar de tempos em tempos o que torna o diagnóstico correto ainda mais longe de ser conquistado.
Por isso, na primeira oportunidade, você terá uma crise e correrá para o médico (se ainda não tiver se matado) e após uma hora de consulta outro diagnóstico provável: Distúrbio Afetivo Bipolar.
Porque o Transtorno de Personalidade Borderline e o Transtorno Afetivo Bipolar possuem algumas similaridades gritantes.
Pra começar, o sintoma mais marcante de ambos os transtornos é a Instabilidade de Humor!
Isso mesmo! Tanto o Bipolar quanto o Borderline são extremamente temperamentais.
O humor é algo que nenhum dos dois pacientes consegue controlar!
Sabe aquele seu colega de trabalho que é "de lua"?
Hoje te dá bom-dia e amanhã nem olha na tua cara?
Pode apostar que ele tem um transtorno de personalidade. Mais provavelmente Bipolar ou Borderline (porque além desses há outros transtornos de personalidade)
Então, a pessoa, cansada de tratamentos infrutíferos, começa a pesquisar seus sintomas e compará-los com seu atual diagnóstico. E percebe que os mesmos não se encaixam nem como Depressão nem como Bipolar.
Um clique aqui, outro ali... e de repente ela cai numa página com descrição sobre Transtorno de Personalidade Borderline.
E, assustadoramente, se encontra!
E fica chocada com tudo o que lê. Claro que nem todos os Borderlines apresentam todos os sintomas descritos a respeito do transtorno, mas é inevitável que todos compartilhem o sintoma principal: Instabilidade de Humor!
Até mesmo porque a palavra Borderline significa "fronteiriço" e ao contrário do que muitos acreditam, não se refere ao limite entre um estado normal e um psicótico, se refere a uma instabilidade constante de humor.
Bom, se um dos principais sintomas de ambos transtornos Bipolar e Borderline são parecidos, como distingui-los?
Enquanto o paciente Bipolar tem oscilações de humor que variam entre dias ou até mesmo semanas, o paciente Borderline muda de humor em minutos ou até mesmo em segundos.
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Podemos afirmar então, que enquanto a vida de um bipolar é um passeio numa Roda Gigante (levando algum tempo pra subir e descer), a vida de um borderline é baseada na teoria da gangorra. Desce e sobe em segundos!!!
Você já brincou com um interruptor de luz?
Apaga-acende-apaga-acende
Pois é, você pode apagar e acender uma lâmpada num piscar de olhos, certo?
O mesmo pode ocorrer com o humor de um borderline: mudar num piscar de olhos!
É por isso que não me conformo com diagnósticos tão tardios tais quais dos que tenho conhecimento; porque no meu entendimento, o médico, ao questionar o paciente sobre a instabilidade de humor, deveria, sem demora, chegar a um possível diagnóstico (a não ser claro quando há uma comorbidade patogênica).
Vamos imaginar o seguinte diálogo na sala de consultas:
médico: você tem oscilações de humor? se sente feliz e depois de um tempo triste?
médico: com que frequência seu humor varia?
paciente: ah, tipo assim, eu fico dois dias prá baixo, e um ou dois dias me sentindo muito bem... as vezes mais tempo.
Pronto! O paciente tem 99,9 % de chance de ser um bipolar. (desconsiderando o fator comorbidade patogênica)
Agora vamos imaginar uma resposta de um outro paciente:
médico: você tem oscilações de humor? se sente feliz e depois de um tempo triste?
médico: com que frequência seu humor varia?
paciente2: ah, muda drasticamente. Quando acordo estou bem, e meia hora depois me sinto tão down que quero sumir. As vezes, não leva nem meia hora.
Pronto! O paciente tem 99,9 % de chance de ser um borderline.(desconsiderando o fator comorbidade patogênica)
Agora, tenha sempre em mente uma coisa: o que acontece com a lâmpada caso você fique acendendo-a e apagando-a diversas vezes? ELA QUEIMA!!
Bom, ainda há pouco eu afirmei que Transtornos de Personalidade não são doenças!
Então como definir tais distúrbios?
É muito fácil entendermos ou pelo menos aceitarmos algo que podemos ver e/ou tocar.
Infelizmente (ou talvez felizmente), os transtornos de personalidade não são visíveis.
Eles se fazem visíveis através dos sintomas apresentados pelo paciente, mas você não pode ver o distúrbio em si! E isso complica um pouco!
Por exemplo, quando alguém nasce com um defeito físico aparente, fica muito fácil de diagnosticar e aceitar. E mesmo as doenças "internas" como diabetes, colesterol, hérnia de disco etc, se tornam completamente aceitáveis porque você pode ver "documentos" que as autentiquem. Tais como raio-x, exames de sangue etc etc etc
Então como podemos aceitar um transtorno de personalidade?
Bom, que tal visualizarmos o distúrbio? Isso o tornará possivelmente mais fácil de lidar.
Então imaginemos um coxo (uma pessoa manca).
Visualizem um coxo andando.
Eis o perfil de um Borderline!
Uma pessoa manca não possui uma doença, possui um déficit!
É isso o que define um transtorno de personalidade. Um déficit na personalidade do indivíduo.
Um borderline anda sempre coxeando. (figuramente falando, claro!)
O que faz um coxo quando anda?
Ele manca. Não consegue andar corretamente.
Quando um coxo quer parecer o mais próximo de um não-coxo, o que ele faz?
Procura um ortopedista que desenhará um sapato especial para endireitar seu andar o melhor possível.
O mesmo deve fazer um borderline: procurar ajuda profissional para que o tratamento de anti-depressivos aliados a sessões de psicoterapia possa ajudá-lo a "andar" o mais próximo daquilo que chamamos de correto e normal.
Leia também: Sintomas de um Borderline
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