Os trabalhos, intitulados “Prevenção ao suicídio: uma experiência inédita com pacientes de alto risco” e “O suicida subverte a ordem médica: quais os efeitos dessa subversão na terapêutica?”, relatam experiências de atendimento feito no Centro, num serviço pioneiro, implantado em 1991, para acompanhamento a pacientes que haviam tentado o suicídio. O Ciave é vinculado à Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
Há dois anos, o serviço foi ampliado, com a criação do Neps, que passou a oferecer à comunidade um acompanhamento preventivo a pacientes com depressão grave e risco de suicídio. De acordo com a psicóloga, o núcleo realiza cerca de 300 atendimentos/mês, entre psicoterapia, psiquiatria, terapia ocupacional, reuniões com familiares de pacientes, palestras em escolas e cursos de capacitação para profissionais de saúde, sobre o tema “Abordagem ao Paciente Suicida”.
Soraya informa que, durante os dois anos de funcionamento, o Neps não teve registro de óbito entre os pacientes atendidos. O trabalho desenvolvido pelo serviço vem ganhando destaque em vários estados brasileiros e já foi apresentado em Minas Gerais, Sergipe, Espírito Santo e Piauí, entre outros. “Na Bahia, as propostas de prevenção ao suicídio do Neps foram discutidas durante o II Seminário Estadual sobre Violência, realizado este ano, e farão parte do novo plano de ação governamental no combate à violência no estado”, conta a psicóloga.
Saúde pública
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o suicídio como um grave problema de saúde pública mundial, responsável por mais de metade das mortes no mundo. Em 2000, a OMS contabilizou um milhão de suicídios no planeta, o que representa uma morte a cada 40 segundos.
Em decorrência desses números alarmantes, a OMS solicitou que cada país desenvolvesse suas próprias políticas preventivas. No Brasil, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 1.876, em agosto de 2006, com metas prioritárias a serem implementadas pelos governos estaduais.
Para Soraya, na Bahia, a preocupação com os índices de suicídio e as altas taxas de reincidência de tentativas foi anterior à portaria do MS. “Durante os 18 anos de funcionamento do serviço implantado pelo Ciave, foi registrado apenas um óbito e as reincidências baixaram para 0,2% entre os pacientes acompanhados”. Pela segunda vez, o congresso acontecerá na América Latina, reunindo representantes de 48 países.