Glomus timpânico e jugular
Sintomas e tratamentos

Glomus timpânico e jugular


 Ricardo Ferreira Bento

Os tumores glômicos são tumores geralmente benignos que ocorrem em diversas partes do corpo, porém são mais freqüentes na cabeça e pescoço. São conhecidos também como Quemodectomas e Paragangliomas. Estes tumores podem crescer dentro de um osso chamado Osso Temporal, que é o osso onde está localizado nosso ouvido e também um nervo muito especial chamado de nervo facial, responsável pela movimentação do nosso rosto.

Este tipo de tumor pode se originar em algumas partes deste osso, sendo as duas mais comuns no bulbo da veia jugular (uma veia importante da cabeça) e dentro do próprio ouvido. São chamados então de Glômus Jugular ou Glômus Timpânico.

Estes tumores tem crescimento variável podendo ser lento em alguns casos e rápido em outros. Ele é raramente maligno, ou seja , não se espalham pelo organismo.

Os primeiros sintomas deste tumor normalmente é um zumbido que pulsa como o coração, e também uma perda de audição. Com o passar do tempo e o crescimento do tumor ele vai acometer outras estruturas que existem por perto, como o nervo facial, ou seja, o paciente vai ter metade do rosto paralisada. Existem também outros nervos que podem ser acometidos com o crescimento do tumor, como o nervo que levanta o ombro, o nervo que ajuda na deglutição dos alimentos e água e que é responsável pela nossa voz. Se o tumor continuar crescendo ele pode invadir o cérebro, ficando então mais difícil para retirá-lo e podendo ser fatal.

O paciente com um Glômus Jugular apresenta um sério problema que pode envolver risco de vida.

Um cuidado extremo deve ser tomado no pré, trans e pós-operatório para um tratamento adequado. A preservação da vida é o objetivo mais importante da cirurgia nos casos de tumores grandes e de difícil abordagem cirúrgica. O objetivo secundário além da retirada do tumor é causar o menor número possível de seqüelas nas estruturas próximas ao tumor, principalmente o nervo facial.

Uma equipe cirúrgica com experiência em tais cirurgias é essencial. Esta equipe inclui um cirurgião otológico, um assistente, um instrumentador um anestesista.

Para o preparo da cirurgia precisamos dos seguintes exames:

1- Audiometria completa

2- Tomografia Computadorizada de ossos temporais

3- Ressonância Magnética de crânio

4- Angiografia e embolização (este é um tumor muito vascularizado, ou seja, tem muito sangue e portanto é necessário que se diminua o suporte de sangue para ele através de um procedimento chamado embolização, realizado durante a semana que precede a cirurgia)

5- Exames de sangue e coração

6- Tipagem sangüínea (em casos de tumores grandes o paciente terá que receber sangue durante a cirurgia)

Para que você entenda entenda melhor o que vai ser feito, faremos aqui uma pequena súmula de como é seu ouvido e como ele funciona. Acompanhe no esquema do ouvido anexo.

O ouvido é dividido em ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.

O ouvido externo corresponde à orelha e o canal auditivo externo e termina no tímpano. O ouvido médio compreende o tímpano, os ossinhos do ouvido (martelo, bigorna e estribo) e uma parte óssea chamada mastóide (osso que podemos palpar atrás da orelha. O ouvido interno corresponde ao labirinto posterior (responsável pelo equilíbrio) e a cóclea. Da cóclea sai o nervo auditivo que leva o som ao cérebro.

O som se espalha por uma vibração no ar. Esta vibração é captada pela membrana do tímpano que também vibra com um tambor muito sensível. A vibração do tímpano movimenta os ossinho do ouvido ( martelo, bigorna e estribo) que estão articulados como um sistema de "roldanas"transmitindo esta vibração à uma membrana que se encontra encostada no estribo e oclui a cóclea. A cóclea é cheia de um líquido e tem a forma de um caracol. Com a vibração do estribo que consequentemente faz vibrar a membrana da cóclea este líquido se movimenta dentro da cóclea. Dentro do canal da cóclea existem células com cílios que se movimentam conforme o líquido se movimenta. Estas células transformam em energia elétrica o som recebido e a transmite para o nervo auditivo que leva a informação sonora até o cérebro.

Cirurgia

A cirurgia para este tipo de tumor depende basicamente do tamanho do tumor e dos locais acometidos. Pode durar de 2 horas até mais de 12 horas.

Em tumores pequenos, principalmente os Glômus Timpânicos, a cirurgia é feita através de uma incisão atrás da orelha e somente o ouvido é abordado.

Em tumores maiores e nos Glômus Jugulares, é necessário uma abordagem cirúrgica maior, já que além do ouvido também vamos abordar o pescoço devido a necessidade de identificarmos a artéria carótida e a veia jugular (vasos importantes que levam e drenam o sangue da cabeça) além de alguns nervos. A incisão que faremos é semelhante a da figura abaixo.

O tempo de permanência no hospital também vai depender do tamanho do tumor, variando de 2 dias até 1 semana.

Riscos e complicações da cirurgia

Esta cirurgia tem como objetivo a remoção de um tumor que envolve o ouvido e outras estruturas como nervos e a veia jugular e a artéria carótida.

Todos os riscos e possíveis complicações serão discutidas aqui e qualquer dúvida o SR/SRA pergunte ao seu médico.

Tamanho do tumor:

Antes da cirurgia é possível ter uma noção do tamanho do tumor através de um exame chamado tomografia computadorizada. A possibilidade de complicações é maior em tumores de tamanho grande e menor nos tumores pequenos. Pergunte e discuta com seu médico o tamanho de seu tumor e que tipos de complicações ele pode dar.

Perda da audição

Quanto maior o tumor maior a chance de se ter perda da audição. Em tumores grandes a audição pode ser perdida por completo no ouvido operado.

Zumbido

O barulho no ouvido (zumbido) pode ocorrer do mesmo modo que a perda da audição. Alguns pacientes tem o barulho de uma batida de coração antes da cirurgia. Esta barulho normalmente some após a cirurgia.

Tontura

Logo após a cirurgia é comum um pouco de tontura que com o tempo normalmente desaparece. Tontura persistente é rara.

Paralisia Facial

Em casos de tumores grandes é necessário retirar o nervo facial de seu trajeto normal para remover o tumor e podemos ter nestes casos uma paralisia facial que voltará ao normal em alguns meses. Raramente o tumor envolve o nervo sendo necessário retirá-lo em parte junto com o tumor. Se isto acontecer após a cirurgia podemos reparar o nervo mas vai acontecer uma paralisa completa da face que pode voltar com o tempo, mas não totalmente, ou seja, vai ocorrer uma fraqueza da face.

Paralisia de outros nervos

Outros nervos que passam pelo tumor podem ser acometidos durante a cirurgia. Pode acontecer uma dificuldade de engolir alimentos, sensibilidade na garganta, rouquidão, fraqueza no ombro e fraqueza na língua.

Complicação cerebral

Em casos raros é necessário ligar uma artéria importante que leva parte do sangue até o cérebro (Artéria Carótida). Quando isto acontece pode haver paralisia do corpo (pernas e braços) de um lado do corpo em 25% dos casos.

Infecção

Podemos ter infecção na cicatriz cirúrgica que é facilmente tratada com medicamentos. Uma infecção mais rara mas mais importante é a meningite, que se ocorrer é tratada com medicamentos no hospital

Hematoma

Outra complicação rara é o hematoma (acúmulo de sangue) na região cirúrgica. Se isto ocorrer é necessário a permanência no hospital por mais alguns dias para drenagem deste hematoma.

Fístula liquórica

O líquor é um líquido que envolve o cérebro e sua saída pela cicatriz cirúrgica é muito rara nesta cirurgia. Se isto acontecer pode ser necessário uma outra cirurgia para reparar a saída deste líquido.

Transfusão de sangue

Em tumores grandes é necessária a transfusão de sangue durante a cirurgia.

Conclusões

O único tratamento eficaz para os tumores glômicos é a cirurgia. Outros tratamentos como a radioterapia são paliativos e só são realizados em pacientes que não podem ser operados por questões de saúde.

Fonte:http://www.forl.org.br/infodoencas_detalhes.asp?id=23



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