Aos 61 anos, a carioca da foto dará à luz em novembro seu primeiro bebê.
Ela não quer revelar seu nome porque sabe que sua gravidez causa certo estranhamento e já foi objeto de polêmica entre os médicos.
Como isto foi possível? Ela recebeu o implante de um óvulo doado, fertilizado em laboratório com o sêmen de seu marido, que tem 38 anos.
Especialistas do Conselho Federal de Medicina (CFM) andam preocupados com a nova onda. Mas a última resolução da entidade não impõe limite de idade para inseminação ou fertilização de mulheres.
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Um casal pode recorrer à reprodução assistida "desde que exista probabilidade efetiva de sucesso e não incorra em risco grave de saúde para a mãe ou o descendente". A única restrição: o número de embriões implantados no útero não pode passar de quatro.
Para quem pensa que o caso de I. é exceção, basta lembrar de outras mulheres que engravidaram depois dos 50. No último dia 9, a mineira Janete da Silva Pinheiro, de 52 anos, foi mãe pela primeira vez. Casada há 23 anos com Ítalo Albizzati, de 88 anos - já bisavô -, ela deu à luz um casal de gêmeos em Nova Lima, na região de Belo Horizonte.
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Também este ano, no dia 15 de agosto, a atriz Solange Couto, casada com Jamerson Andrade, de 24 anos, teve seu terceiro filho, aos 55 anos. Histórias como as de I., Janete e Solange trazem de volta a polêmica sobre qual é o limite de idade para engravidar.
Segundo o médico Adelino Amaral, presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, chegou a ser proposto o limite de idade de até 50 anos para mulheres, mas a decisão não foi unânime e o conselho vetou limites.
- A orientação é respeitar a fisiologia do organismo feminino. Em média, a mulher entra na menopausa aos 53 ou 54 anos, e deixa de ovular. Fazer inseminação ou fertilização além dessa idade é falta de bom senso. Há risco de a gestante sofrer hipertensão grave, diabetes e ter parto prematuro - alerta Adelino, lembrando que isso aconteceu com os bebês de Janete. - Depois da menopausa, a mulher só engravida com óvulo doado. Quanto maior a idade, maior o perigo.
I. conta que as pessoas ficam mais preocupadas do que ela quando descobrem a sua gravidez - revelada só à família e a poucos amigos. Ela brinca:
- A minha avó, na idade que estou, andava de cadeira de rodas. Hoje, uma mulher aos 60 anos, quando se cuida, está em plena forma - diz I.
- A medicina está quebrando barreiras, e a discussão de casos de maternidade tardia é feita muito mais sob os aspectos moral e filosófico - diz Valle. - A história desta mulher é exceção e não significa que todas as mulheres acima de 50 anos podem engravidar. Há riscos no tratamento e o casal deve estar bem informado a respeito deles. A avaliação médica precisa ser muito criteriosa.
Em média, cobra-se de R$ 800 a R$ 1.200 para retirar o óvulo para congelamento e a mensalidade de manutenção é de R$ 40 a R$ 60 mensais. Já cada tentativa de fertilização in vitro passa de R$ 10 mil.
A carioca I. precisou de duas fertilizações para engravidar. Esta medicina é cara. Mas, em geral, os casais que buscam estes tratamentos podem pagar.
(O Globo)
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