Indicação bibliográfica (ii)
Sintomas e tratamentos

Indicação bibliográfica (ii)



Suicídio: de Durkheim a Shneidman, do determinismo social à dor psicológica individual
Carlos Braz Saraiva  
Psiquiatria Clínica, 31, (3), pp.185-205, 2010.

Resumo
Numa homenagem a Edwin Shneidman, recentemente falecido, o autor faz uma revisão de alguns dos aspectos mais importantes da suicidologia, desde a “visão macro por fora” de Durkheim, do final do Século XIX, até à “visão micro por dentro”, de Shneidman, do Século XXI. Nesta viagem percorre diversas correntes psicodinâmicas, cognitivas, sistémicas, neurobiológicas, da mente e do cérebro. Aborda especificidades do suicídio em Portugal, fala da Consulta de Prevenção do Suicídio dos Hospitais da Universidade de Coimbra e da criação da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, em 2000, e ainda apresenta subsídios para um Plano de Prevenção do Suicídio em Portugal.

Palavras-chave: Suicídio; modelos suicidas; Durkheim; Shneidman; Consulta de Prevenção do Suicídio; Sociedade Portuguesa de Suicidologia; Plano de Prevenção do Suicídio em Portugal

Trecho significativo

Shneidman ficará também ligado à metodologia das chamadas autópsias psicológicas, termo aplicado pelo cientista em 1958. O objectivo era o esclarecimento das mortes equívocas após a realização da autópsia médico-legal. Confrontados com o problema da intenção de matar, os médico-legistas acabariam por ir ao local da morte, ouvir a polícia, médicos assistentes, familiares, etc. A colaboração com a Psiquiatria e a Saúde Mental surgiria com naturalidade. Até porque haveria que responder a algumas perguntas (Shneidman, 1969):

“ Qual o tipo de morte mais provável?”
“ Porquê o suicídio?”
“ Como morreu e porquê naquele momento?”
“ Será que a família precisa de apoio?”.

Exportada de Los Angeles para o mundo tal metodologia de investigação, foi, então, que se concluiria, em países e culturas diferentes, em estudos que envolveram milhares de suicidas, a existência de patologia psiquiátrica em cerca de 90% dos casos e depressão em mais de 50% das vítimas (Saraiva, 2006, p. 159).

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