A propósito do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio: 10 de Setembro
Todos os dias os meios de comunicação levam a milhões de telespectadores cenas dos diversos conflitos bélicos que ocorrem no mundo, como se fossem as guerras que provocassem o maior número de mortos. E, perante a quantidade de vidas perdidas, sensibiliza-se a opinião pública mundial e há mobilizações populares a fim de acabar com todas as guerras. Veja-se por exemplo o que aconteceu na década de 60 quando os norte-americanos realizaram enormes manifestações contra a guerra do Vietname. E nessa guerra, que durou vários anos, morreram aproximadamente cerca de 60 000 soldados norte-americanos.
Nos Estados Unidos, cada dois anos, morrem por suicídio exactamente este número de pessoas que faleceram no Vietname. No entanto, não há nenhuma manifestação popular para, pelo menos, chamar a atenção para o problema e contribuir para a sua diminuição.
E o suicídio supera, como causa de morte, as que resultam todos os anos dos conflitos bélicos que ocorrem em todo o planeta. Mesmo assim, não há nem uma notícia a favor da prevenção do suicídio e é muito provável que este dia não seja difundido da mesma maneira como são as guerras e as suas consequências.
Todos os anos suicidam-se pelo menos um milhão de pessoas e entre 10 a 15 milhões fazem uma tentativa de suicídio, o que significa que em cada 40 segundos alguém comete suicídio e ocorre uma tentativa de suicídio em cada 3 segundos.
O suicídio supera as mortes por acidentes de viação na maioria das nações desenvolvidas e ocupa um lugar entre as 10 primeiras causas de morte a nível mundial, com tendência a aumentar principalmente entre os jovens adolescentes, sendo a segunda e terceira causa de morte entre os 15 a 19 anos.
Estas evidências devem pôr-nos em alerta e levar-nos a aumentar as acções preventivas que permitam diminuir esta evitável causa de morte. Para o alcançar, devem ser cumpridos os seguintes princípios:
1.- A prevenção do suicídio é uma tarefa de toda a sociedade no seu conjunto.
2.- A prevenção do suicídio é tarefa de quem estiver mais próximo da pessoa em crise suicidária e saiba o que fazer nesse momento para o evitar. A pessoa pode ser um taxista, polícia, familiar, psicólogo, médico de família, psiquiatra, companheiro de aula, amigo, etc.
3.- O suicídio pode ocorrer durante a crise suicidária, a qual dura horas, dias, raramente semanas. Se for diagnosticada e tratada adequadamente, o sujeito tem muito menos possibilidades de realizar um acto suicida.
4.- Prevenir o suicídio é possível com medidas simples como as seguintes:
* Deve-se partir do princípio que o suicídio é uma causa de morte evitável na maioria dos casos e com escassos recursos podem salvar-se muitas vidas se forem tomadas simples medidas durante a crise suicida.
* Nunca complicar o tema do suicídio nem torná-lo num feudo de psiquiatras, psicólogos ou outros profissionais, pois é uma tarefa de toda a sociedade no seu conjunto.
* Deve-se tentar ter o apoio dos meios de comunicação para realizar programas de rádio, televisão ou artigos jornalísticos sobre o tema do suicídio e sua prevenção e propor a realização de uma oficina sobre como deve ser focado o tema nos mass media.
* Eliminar os mitos relativos a este comportamento, principalmente os que pensam que quem diz que se vai matar nunca o faz ou que se se pergunta a uma pessoa em risco de suicídio se pensou em matar-se haverá o perigo de incitá-lo a que o faça.
* Evitar o acesso de pessoas em risco aos métodos de suicídio.
* Explorar sempre a presença de ideias suicidas nas pessoas com risco de cometer suicídio.
* Nunca deixar a pessoa só enquanto estiver a planear como suicidar-se.
* Avisar outros familiares, amigos e pessoas significativas para que contribuam no cuidado da pessoa em crise suicida.
* Encaminhar logo que possível para avaliação e assistência médica especializada.
É possível diminuir esta causa de morte. Você pode ser um elo importantíssimo nesta cadeia preventiva.
Tradução: Mário Rui Teixeira
Fonte: http://www.redsuicidiologos.com.ar/dia_prevencao05.htm