Portugal nú e cru - a espada do desemprego em cima das nossas cabeças
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Portugal nú e cru - a espada do desemprego em cima das nossas cabeças


Mais do que parece, Portugal está um caos, principalmente a nível social e psicológico. De dia para dia se agravam as condições económicas das famílias, a violência e a insegurança quanto ao futuro. É quase impossível estabelecer um plano de vida com base em objectivos definidos, pois não sabemos se teremos emprego amanhã, se teremos leis absurdas que nos obriguem a desviar desse plano ou mesmo se o país não entrará em bancarrota. 
Perante esta realidade, só se pode dar ao luxo de ficar alheio quem tem muito dinheiro em bancos estrangeiros ou em offshores. No espaço de menos de uma década, a "classe média" vive nas mesmas condições e com as mesmas dificuldades da "classe baixa", mesmo quando não é atingida pelo desemprego: a precariedade no trabalho e sobretudo a chantagem dos empregadores sobre os empregados (efectivos ou potenciais), obriga-os a aceitar salários miseráveis, horas extra sem conta nem registo, muito menos remuneração, atitudes prepotentes e arrogantes e retaliações sempre que o empregado exigir os seus direitos, ou simplesmente manifestar a sua discordância em não os usufruir. 
Esta realidade escondida, com a espada do desemprego sob a cabeça, faz com que muitas pessoas vivam constantemente ansiosas e, perante a injustiça e falta de condições de vida, entrem em depressão. No entanto, mesmo que necessitem de ajuda, não podem ir ao médico: não têm dinheiro para as consultas ou elevadas taxas moderadoras e não podem faltar ao trabalho. Faltar, mesmo por doença, é encarado como um abuso, como se o empregado adoecesse propositadamente para prejudicar o patrão, mesmo quando não há dúvidas quanto à veracidade dessa doença. 
Assim, as idas ao médico só se efectuam em último remédio. Outro aspecto que tenho que abordar aqui é a prevenção: há situações em que os empregados são impedidos (ou controlados) de ir à casa de banho quando têm vontade de urinar, o que origina problemas no trato urinário; muitas vezes têm que trabalhar à hora de almoço, comendo qualquer coisa rápida enquanto teclam no computador, não comendo assim nem em ambiente saudável e relaxado, nem o tipo de comida que seria desejável. 
Nas empresas com poucos empregados, a situação é muito pior do que nas outras: há um controlo directo e permanente que causa ansiedade e tensão só por si. Para além disso, o simples falar nos factos que mencionei no parágrafo anterior dão direito a não renovação de contratos ou, o que acontece mais frequentemente, retaliações (humilhando-o, baixando-o de categoria, obrigando-o a fazer tarefas que nada têm a ver com a função para a qual foram contratados), com o objectivo de obrigar o empregado a ser ele a rescindir o contrato de trabalho, evitando assim os custos que as empresas teriam no caso inverso.
Todos sabem disto, ou porque o sentem na pele ou porque conhecem alguém a quem já aconteceu algo semelhante. Existem meios de defesa para eles, como recorrerem ao ACT (antiga inspecção do trabalho) ou ao sindicato (muitas empresas não admitem pessoas sindicalizadas!). Contudo, se o empregado já sofre retaliações por muito menos, imagine-se como conseguirá aguentar psicologicamente as consequências de uma inspecção do ACT! 
Em empresas com muitos empregados por vezes passa-se o mesmo, contudo é impossível controlar directamente tantas pessoas ao mesmo tempo e a situação é um pouco atenuada. Já quem tem o estado como empregador, pode exigir os seus direitos sem medo, fazer greves ou tomar outras atitudes sem ser imediatamente atingido.
Este cenário coloca os portugueses debaixo de fogo. Por um lado têm de "aceitar" a injustiça da fonte do seu ganha-pão, por outro têm que lidar com o facto de não estarem presentes para a família e verem-se confrontados por exemplo com a questão de quem vai buscar os filhos à escola ou quem os vai levar ao médico. Para além de tudo isto, a baixa do poder de compra faz com que sejam obrigados a baixar a qualidade de vida, muitas vezes para níveis abaixo da dignidade.
É possível não estar deprimido com tudo isto? É possível não estar angustiado quanto ao futuro? É possível ir trabalhar com motivação? É possível não se estar indignado com a forma como a classe política governou e está a governar este país, conduzindo-nos para um precipício e convidando-nos a emigrar? 
Pessoas não são objectos! Revolta-me a passividade com que os portugueses reagem a tudo isto. 



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