Projeto + Contigo, em Portugal, faz trabalho preventivo nas escolas
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Projeto + Contigo, em Portugal, faz trabalho preventivo nas escolas



Falar de suicídio deixou de ser tabu nas escolas

O Projeto + Contigo arrancou no ano letivo de 2009/2010 em várias escolas de Coimbra para prevenir comportamentos suicidários em contexto escolar. O suicídio de uma aluna de 13 anos tinha abalado a comunidade da região. No ano letivo seguinte, a iniciativa abrangia 741 alunos do 7.º ao 12.º anos, de vários agrupamentos, nomeadamente em Anadia, Avanca, Alhadas, Secundária Bernardo Machado na Figueira da Foz, Mealhada, Gândara-Mar na Tocha, no Agrupamento Florbela Espanca em Esmoriz. No terreno estiveram 228 professores, 66 profissionais de saúde e 153 encarregados de educação, num projeto que resultou de uma parceria entre a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Administração Regional de Saúde do Centro. No final, registrou-se um aumento do bem-estar entre os jovens e uma melhoria dos casos de depressão.

O + Contigo continuará o seu percurso na Região Centro, mas já este ano arrancará formação no resto do país para que esta intervenção em contexto de sala de aula seja alargada a nível nacional no ano letivo de 2014/2015. A Direção-Geral de Saúde decidiu que o assunto deve merecer mais atenção nas escolas e inclui-o no Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. O + Contigo surgiu para promover a saúde mental e bem-estar em jovens do 3.º ciclo e secundário, prevenir comportamentos autodestrutivos e o suicídio, combater o estigma da saúde mental e criar uma rede de atendimento nessa área. Um trabalho feito em três patamares de intervenção: formar técnicos de saúde dos centros próximos das escolas, formar professores e assistentes operacionais, formar e sensibilizar encarregados de educação.

José Carlos Santos, professor na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, acompanha o + Contigo desde a primeira hora. "O Projeto apareceu há cerca de quatro anos. De então para cá, tem aumentado o número de escolas e o número de alunos envolvidos." Os resultados merecem atenção. "A avaliação da intervenção tem demonstrado uma diminuição da sintomatologia depressiva, aumento do bem-estar, autoconceito e capacidade de resolução de problemas. Os efeitos são mais evidentes na sintomatologia depressiva e no bem-estar", refere.

O docente garante que o suicídio não é um tabu, mas que deve ser abordado com cuidado. "Promover a saúde mental nas escolas é uma prioridade", defende. "Podemos prevenir os comportamentos suicidários sem falar de suicídio se a intervenção visar fortalecer os efeitos protetores, nomeadamente o bem-estar, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas e, por outro lado, combater os fatores de risco, particularmente a depressão", acrescenta. Por isso, fala-se de suicídio nas escolas sem, porém, vulgarizar o tema. "A ideia de que falar de suicídio dá ideias é uma falsa crença", refere José Carlos Santos. A informação deve ser adaptada ao grupo que se tem à frente, tentando sempre perceber os motivos das perguntas e da curiosidade dos alunos.

Para Catarina Agante, psicóloga do Serviço de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Escolas de Miragaia, o suicídio pode e deve ser abordado em contexto escolar, não só apenas junto dos alunos, mas também com os professores. "A tensão social atual em muito tem contribuído para que a preocupação com o suicídio seja abordada no contexto escolar, em que os adolescentes estão disponíveis para a aprendizagem e crescimento, mas simultaneamente se confrontam com os maiores desafios pessoais, isolamento social, confronto com projetos de vida sem expectativas de futuro", afirma. Importa, portanto, falar do tema. "Explorar a vivência da adolescência num sistema de diálogo, abertura, disponibilidade, respostas à tensão e frustração, têm-se revelado variáveis de diminuição do risco de suicídio na adolescência."

A realidade demonstra a tendência para uma maior incidência da forma tentada no género feminino e um maior número de atos consumados no género masculino. E as tentativas de suicídio são mais violentas na forma tentada do que na forma consumada. Cenários que não se podem ignorar. Catarina Agante diz que é preciso equacionar a forma como a escola "pode ser um contexto de suporte de rede de afetos, partilha e encontro". "A temática do suicídio apresenta-se como premente na sociedade atual, considerando a elevada taxa de suicídio que atinge de forma dramática os adolescentes." O + Contigo é, em seu entender, uma mais-valia. "É um projeto que importa estas questões para o contexto escolar, assumindo uma posição de preocupação e intervenção psicopedagógica junto de adolescentes vulneráveis e expostos à solidão e ao isolamento."

http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=E84F5E85864B5E35E0400A0AB8003E6C&opsel=1&channelid=0



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