Sintomas e tratamentos
Resumo de tese de doutorado em destaque I
Indicadores de proteção e de risco para suicídio por meio de escalas de auto-relato
Daniela Yglesias de Castro Prieto (Universidade de Brasília - Instituto de Psicologia, 2007)
Estimar o risco de suicídio envolve a avaliação tanto de indicadores de risco quanto de proteção para crise suicida. Os indicadores de risco mais freqüentemente citados na literatura são: existência de transtorno mental, história de tentativa de suicídio, ideação suicida, sintomas depressivos e ansiosos, impulsividade, desesperança entre outros. Os principais indicadores protetivos destacados são: satisfação com a vida, auto-imagem positiva, recursos de enfrentamento, otimismo, estabilidade emocional, existência de um projeto de vida. O presente estudo objetivou estimar o risco de suicídio. Os instrumentos utilizados foram: Suicide Behavior Questionnaire Revised (SBQR), Positive and Negative Suicide Ideation (PANSI), Suicide Resilience Inventory (SRI), Child Abuse and Trauma Scale (CAT) e Minnesota Multiphasic Personality Inventory 2 (MMPI-2), e uma lista de Eventos Estressores (EVES). Esses instrumentos avaliam, respectivamente: comportamento suicida; ideação suicida e recursos de enfrentamento; resiliência ao suicídio; percepção de abuso e negligência na infância e adolescência; indicadores psicológicos (depressão, ansiedade, problemas de relacionamento e indicadores psicóticos) e existência de eventosadversos recentes. A amostra foi composta de 458 sujeitos inscritos na lista de espera de um serviço de psicologia de uma unidade pública de referência em saúde mental do Distrito Federal. A Regressão Logística foi utilizada para prever pertencimento ao grupo de sujeitos com ou sem risco de suicídio. O grupo de risco foi definido com tendo escores no SBQR maiores que um desvio padrão acima da média. Dois modelos forneceram as melhores estimativas de risco: (1) as escalas de Ideação Negativa (PANSI) e Depressão e Ideação Suicida (MMPI-2) com fatores de risco e Estabilidade Emocional (SRI) e Reação Negativa ao Tratamento (MMPI-2) como fatores de proteção; (2) Ideação Negativa (PANSI) como fator de risco e Estabilidade Emocional (SRI) e Ideação Positiva (PANSI) como fatores deproteção. O primeiro modelo é composto por variáveis que avaliam: ideação suicida, depressão, estabilidade emocional, rejeição ou descrença no suporte de terceiros. As variáveis do segundo modelo avaliam ideação suicida, estabilidade emocional e capacidade de enfrentamento de situações estressantes. Este dois modelos confirmam expectativas já demonstradas em estudos anteriores. Revelam também como outros covariantes do risco são preteridos por variáveis mais relevantes, como ideação suicida ou depressão. A escala de Reação Negativa ao Tratamento surpreendeu ao contribuir como fator de proteção;supomos poder haver nesta escala uma parcela de variância relacionada à independência e autonomia. O presente estudo ressalta a importância de indicadores como ideação suicida, história de comportamento suicida anterior, estados depressivos, auto-imagem negativa como importantes indicadores de risco. Os indicadores protetivos que se destacam são estabilidade emocional, auto-imagem positiva e recursos de enfrentamento.
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