Suicídio e (in)felicidade: paradoxos.
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Suicídio e (in)felicidade: paradoxos.


O grande paradoxo: índice de suicídios é maior nos países considerados “mais felizes”

Por que EUA, Canadá, Dinamarca, Islândia, Irlanda e Suíça estão entre os países com mais suicídios?

O suicídio é a primeira causa de morte não natural em vários dos países mais desenvolvidos do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, são registradas por ano mais suicídios do que mortes por acidentes de trânsito.

O risco de suicídio no mundo é três vezes maior entre os homens do que entre as mulheres.

No tocante aos mais jovens, o suicídio é a segunda causa principal de morte no grupo de 15 a 29 anos de idade, segundo os dados do estudo “Prevenção do suicídio: um imperativo global”, divulgado em 2014 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como cruciais para a prevenção, os especialistas ressaltam as redes familiares fortes e a capacidade de assimilar a frustração.

Mais suicídios nos países ditos “mais felizes”

Uma das questões que mais chamam a atenção em se tratando de suicídio é o paradoxo de que as maiores taxas de suicídio são registradas nos países considerados “mais felizes”.

Estes dados já são enfatizados no estudo “Dark Contrasts: The Paradox of High Rates of Suicide in Happy Places” (“Contrastes obscuros: o paradoxo dos altos índices de suicídio em lugares felizes”), de 2011, elaborado conjuntamente por pesquisadores da britânica Universidade de Warwick e pelos norte-americanos Hamilton College e Universidade de São Francisco.

Os cientistas responsáveis pelo estudo pretendiam documentar e analisar as causas desta paradoxal relação entre felicidade e suicídio, entendendo por “felicidade” um conjunto de aspectos de natureza material, como ter dinheiro suficiente, boa moradia, comida, roupa, carro e lazer, além de uma vida saudável, livre de privações e com autonomia para cuidar de si próprio.

O estudo levou em consideração as primeiras posições na lista dos países considerados pela revista Forbes como os “mais felizes do mundo”, bem como os seus índices de suicídio. Os 10 países, no ano do estudo, eram, por ordem de primeiro a décimo, a Noruega, a Dinamarca, a Finlândia, a Austrália, a Nova Zelândia, a Suécia, o Canadá, a Suíça, os Países Baixos e os Estados Unidos. Por sua vez, esta lista se baseava no chamado “Índice de Prosperidade”, elaborado pelo Instituto Legatum, de Londres, que classifica 110 países.

As conclusões do estudo indicaram que os países mais destacados na “lista da prosperidade” eram, ao mesmo tempo, os que apresentavam os índices mais altos de suicídio.

As causas do paradoxo

Os autores da pesquisa observam que o paradoxo tem a ver com uma comparação entre o nível de felicidade dos suicidas e o nível de felicidade dos outros: a felicidade alheia seria um fator de risco para as pessoas de baixa autoestima, descontentes por viver em lugares onde o resto dos indivíduos demonstra mais felicidade do que elas.

“As pessoas descontentes podem se sentir particularmente cansadas da vida em lugares felizes. Esses contrastes podem aumentar o risco de suicídio”, diz o professor Andrew Oswald, da Universidade de Warwick e responsável pelo estudo. “Sendo os seres humanos expostos às mudanças de humor, as comparações com os outros podem tornar mais tolerável a nossa existência num ambiente em que os outros são completamente infelizes”.

Tais conclusões questionam outras que, até então, atribuíam o índice de suicídios em países nórdicos às características particulares do próprio país, como as escassas horas de luz solar no inverno. Eram também apontadas diferenças culturais e atitudes sociais em relação com a felicidade e com o modo de conceber a vida.

Para Stephen Wu, do Hamilton College, “os resultados são coerentes com os de outra pesquisa segundo a qual as pessoas avaliam o próprio bem-estar a partir de comparações com as pessoas que as rodeiam. Essas comparações também acontecem com renda, desemprego, delinquência e obesidade”.

O contraste entre o Havaí e Nova Iorque

Os pesquisadores sugerem no estudo que as cidades com mais gente satisfeita tendem a ter maiores índices de suicídio do que aquelas com níveis de satisfação médio-baixos em termos de qualidade de vida. Um exemplo é o contraste entre o Havaí e Nova Iorque.

Segundo os seus dados, o Havaí é o segundo estado norte-americano com o nível de felicidade mais alto entre os habitantes, mas o quinto, de um total de 50 Estados, em número de suicídios. Já Nova Iorque está na 45ª posição entre os Estados com maior satisfação de vida, mas registra a segunda menor taxa de suicídio do país, logo atrás do Distrito de Colúmbia.

Como conclusão, os autores do estudo indicam que “os seres humanos podem construir suas normas mediante a observação do comportamento e dos resultados atingidos por outras pessoas e tendem a julgar a própria situação com menos dureza quando veem outras pessoas com resultados similares aos seus”.

A altitude geográfica, outro fator de risco

Outra análise sobre mortalidade, realizada em 2.584 condados dos Estados Unidos e baseada em dados reunidos durante vinte anos por especialistas de diversos centros médicos do país, revelou que viver em altitudes maiores pode ser um fator de risco de suicídio.

Segundo os autores deste estudo, ainda é desconhecido o motivo dos índices maiores de suicídio entre as pessoas que vivem em regiões de maior altitude.

Fonte: http://pt.aleteia.org/2016/03/07/o-grande-paradoxo-indice-de-suicidios-e-maior-nos-paises-considerados-mais-felizes/




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