Sintomas e tratamentos
(Filme) Borderline - Além dos limites
País: Canadá
Ano: 2008
Diretor: Lyne Charlebois
Contém: drama, sexo, vícios, desordens mentais
Hoje eu assisti ao filme Borderline - Além dos Limites e confesso que fiquei bastante emocionada tanto pelo lado positivo quanto negativo. A personagem principal, a Kiki, está para completar 30 anos, tem uma personalidade "sem limites" e tenta conviver com as lembranças de sua infância e adolescência ao lado de uma avó e mãe com problemas psicológicos. Por causa da negligência e "loucura" de sua família, ela vê como válvula de escape o sexo e o álcool em uma tentativa frustrada de esquecer o passado.
Como eu descobri recente ter a personalidade borderline não tive como não me ver em muitas partes do filme. De uma forma ou de outra qualquer pessoa que tenha o "borderline" vai se identificar com a Kiki. Confesso que chorei bastante durante todo o filme e tive de pausar várias vezes porque me doeu lá no fundo da alma. O vácuo que carrego dentro de mim desde que me conheço por gente ficou bem palpável enquanto Kiki sofria no filme.
Não sei se existe algo pior do que não saber nosso limite, não ter noção de Eu, ter dificuldades em controlar as emoções, comportamentos autodestrutivos e mutilações. O tempo todo eu fico tentando escapar do vácuo que nasceu comigo, se desenvolveu dentro de mim silenciosamente... como um câncer e que, nos últimos anos se espalhou e modificou toda a minha vida... Eu não me sinto mais vítima. Encaro isso como um "acidente" da biologia ou algum tipo de lição que eu tinha de aprender ou ensinar a outras pessoas como minha família.
Não é fácil sofrer com essa personalidade. Eu sou bastante intensa em meus sentimentos indo da água para o vinho em segundos. De repente você me vê sorrir, um segundo depois você me verá chorando. E eu não vou saber explicar por que. Sei que desde que comecei a terapia há quatro anos atrás consegui encarar melhor essa "coisa" que cresceu comigo e hoje vejo que o fato de ter surgido um trauma na minha adolescência foi apenas um gatilho que acelerou o surgimento da minha falta de limites no nível emocional. Foi bastante duro viver assim, mas tem sido um aprendizado e tanto.
Os cientistas dizem que, quem ter a personalidade borderline tem os sintomas diminuídos após os 30 anos. Eu tenho 28 anos e coincidência ou não desde a minha última tentativa de suicídio as coisas ficaram mais claras. Eu comecei a entender o perdão, a compaixão e o amor. Isso tem me transformado. Mas ainda há um longo caminho a percorrer, essa "coisa" que nasceu comigo tem que ser transformada e iluminada e isso vai acontecer antes dos 30, pode ter certeza! Recomendo o filme!
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