Problemas diários, perdas, traumas emocionais, emoções e sentimentos marcantes.
Essas e muitas outras razões interferem, muitas vezes negativamente, na vida de milhares de pessoas.
Como superar os problemas pessoais? As metas não atingidas? Como se tornar mais forte e aprender com as dificuldades?
Para alguns a infelicidade é apenas uma pequena barreira, mas para outras pessoas pode se tornar uma enorme muralha - incapaz de ser ultrapassada.
Nesse momento o caminho a seguir tem apenas dois sentidos: superar as dificuldades ou ser mais uma vítima dela. Nesse contexto entra o estudo sobre a superação humana, a resiliência - termo muito semelhante à referência derivada da Física, ou seja, é o desenvolvimento de habilidades que possibilitam melhores meios de enfrentamento, com o menor dano possível, das agressões estressoras e revezes sofridos em nossa vida cotidiana.
"Essa capacidade de enfrentamento, que deve ser interpretada como 'combater o bom combate' ou 'lutar a boa luta', na maioria das vezes poderá ser atingida através de técnicas de treinamento especializado, geralmente com profissionais psiquiatras ou psicólogos", comentou durante entrevista o professor-doutor Elko Perissinotti - coordenador do Núcleo de Resiliência do Hospital-Dia-Adultos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Os resilientes têm uma incrível capacidade sadia de auto-julgamento, de respeitar as diferenças vivenciais e existenciais das outras pessoas, conseguem amar, têm grande compaixão, ética, coragem e sabedoria.
A facilidade para corrigir os erros e defender os acertos é outra característica marcante.
"Longe de ser um idiota, um inocente ou um dócil carneirinho, a pessoa resiliente é, isto sim, uma grande estrategista num gigantesco jogo de xadrez. Sabe reconhecer com rapidez e perspicácia o momento certo da luta ou da fuga (e isso nada mais é que auto-preservação, portanto, sabedoria em evitar danos graves à sua vida)", afirmou Perissinotti.
A palavra resiliência está entre o assunto do momento porque, equivocadamente, muitas pessoas acham os resilientes superiores. Segundo o psiquiatra, quando o comportamento é imitativo, fingimos ser resilientes, e assim vivemos de truques ao invés de sabedoria.
"A moda é sempre ditada pelo senhorio, a quem obedecemos cegamente na necessidade de sermos aceitos socialmente a qualquer custo. Isso é o oposto de resiliência. Não deveríamos ficar desempenhando papéis durante todo o tempo de nossas curtas vidas. De fato, a vida é muito curta, mas nunca deveria ser pequena", disse.
Os traumas não podem ser vencidos, apenas aprendemos a conviver pacificamente com eles.
A criança, por exemplo, está em fase de estruturação da personalidade e somente "superará" traumas com mais facilidade se for amada pelo adulto, no caso os pais, isto é, se houver "attachment" - apego ou aconchego.
O adulto já apresenta uma personalidade estruturada e mais defendida. Orgulho, vaidade, "status" e onipotência simulada não combinam com facilidade para "superar" traumas. Daí podem aparecer doenças como depressão e transtorno de pânico. Essa seria uma situação de baixíssima capacidade de resiliência.
A superação não é hereditária e nem genética, é congênita e, sobretudo, cultural. A grande maioria das pessoas pode tornar-se resiliente, porém, não todas. Além de qualidade, é uma oportunidade de diminuir um pouco o sofrimento humano.
Perissinotti conclui dizendo que é possível encontrar o equilíbrio entre a vida desejada e os problemas diários reconhecendo a veracidade e existência de ambos.
"Os sonhos que temos na vida não devem ser evitados, da mesma forma devemos saber que não há como não ter problemas na vida - e esses problemas são mesmo diários."
(fonte)
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