Caindo...
Sintomas e tratamentos

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Vamos para outro critério para Transtorno da Personalidade Borderline, segundo o DSM-IV (a "Bíblia dos Psiquiatras"): (2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. Nós já falamos sobre:
(1) evitar a qualquer custo abandono real ou imaginário
(4) impulsividade
(5) comportamentos autodestrutivos
(6) instabilidade afetiva


Eu reescrevi esse texto seis vezes. Seis textos completamente diferentes. Seis combinações diferentes de sentimentos em todos eles. Assim eu também me comporto em relacionamentos interpessoais, com a mesma pessoa, dependendo da situação, no mesmo agir, eu posso agir de n maneiras emocionais, geralmente, inesperadas, intensas, sensíveis e enigmáticas. Eu acredito que muito disso tem a ver com o tal do pensamento preto e branco do borderline. Essa visão de opostos, de extremos, de tudo ou nada. Isso leva a todo esse comportamento atribulado e distorcido, como se eu estivesse vivendo em outra realidade.

Esse está sendo o mais difícil de escrever porque me faz lembrar do passado. É ruim e bom ao mesmo tempo. É bom porque percebo o quanto já apresento melhoras concretas. Mas é ruim porque vejo o quanto perdi, sofri, fiz sofrer e o longo caminho que ainda tenho que percorrer para melhorar do meu transtorno de personalidade (agora que sei que isso é possível).

Quando eu conhecia uma pessoa e a pessoa correspondia a um sorriso meu, o bilhete para a montanha-russa mais emocionante da minha vida já estava comprado e carimbado há muito tempo e dali para frente seria apenas descida. Primeiro eu idealizava a pessoa: sem defeitos, eu me tornava praticamente a escrava dela, faria o possível e impossível por ela e esquecia completamente de mim, afinal eu nunca soube quem eu era, eu estava procurando alguém que preenchesse o vazio (e talvez ainda esteja, quem sabe). Depois, quando alguma expectativa minha não era satisfeita, eu desvalorizava de uma só vez a pessoa - o outro extremo da nossa montanha-russa: eu brigava por pequenas coisas, usava de sarcasmos, críticas excessivas ou cinismo, geralmente eu queria ferir no lado emocional, queria que a pessoa sentisse a mesma dor que eu estava sentindo. Basicamente, esse é o roteiro de relacionamento que você podia esperar de mim: eu vou amar você, vou encontrar um defeito, você vai me decepcionar, depois vou ficar paranoica porque "acho" que EU te decepcionei, vou começar a ficar impulsiva, vou fazer várias coisas sem sentido e você vai querer se afastar. Simples. E depois?

Depois eu imagino que meus ex-amigos devam ficar muito magoados comigo, mas, como dizem, o tempo cura tudo. Mas deviam avisar para quem inventou essa frase que isso não acontece comigo... E acredito que não aconteça com muita gente. O tempo não apagou essas memórias da minha mente, não atenuou, nem deixou mais fácil, muito pelo contrário, ainda parece que aconteceu ontem. Meu cérebro parece que não acredita nesse "o tempo cura tudo". Ainda dói lembrar quanta coisa podia ter sido evitada se eu pudesse ter controlado meus impulsos, meus sentimentos, meus comportamentos, mas eu simplesmente não podia, e ainda hoje, não consigo. As pessoas me dizem " é simples, basta você não se importar". Não, não é simples. Eu vivo querendo que as pessoas ao meu redor não se decepcionem comigo, mas o que eu ainda continuo fazendo é decepcionar elas. Eu continuo tentando ser perfeita, mesmo sabendo que isso é impossível, e, exatamente por isso, eu vivo cometendo erros. É ilógico, complexo e insano. A realidade dentro da minha cabeça parece ser outra. Nenhum ser humano deveria viver assim, mas também nenhum outro ser humano deveria ficar julgando e me colocando pressão para simplesmente "não ser assim" quando é óbvio que eu não consigo não ser diferente! Quem acha que é questão de escolha deveria se informar mais porque se eu pudesse seria uma pessoa completamente diferente e não teria de lidar com todas essas lembranças dolorosas... 



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