Sendo verdadeira
Sintomas e tratamentos

Sendo verdadeira




Passei a manhã inteira pensando se deveria ou não contar o que aconteceu comigo e na melhor maneira de escrever isso. Eu criei esse blog para poder ajudar as pessoas de alguma forma e muito de vez em quando acredito que faço isso porque recebo e-mails muito bonitos, mas ás vezes não acredito que contribuo em nada. Talvez seja só "borderline", talvez seja meu excesso de autocrítica, vai saber. Mas agora, quem escreve, é uma pessoa que tem borderline e só quer compartilhar suas melhores - e piores - experiências no assunto. Se isso ajudar outras pessoas e diminuir o estigma, então eu cumpri minha missão. 

Eu gosto de sempre deixar claro que tenho esperanças, mantenho uma atitude positiva em relação ao meu tratamento e a mim mesma, mas nos últimas dias não tem sido assim. E acho que tenho de ser verdadeira com vocês porque esse "ter borderline" é passar por diversas fases no mesmo dia, na mesma semana, no mesmo mês. É um furacão emocional. E tem momentos que isso fica ainda mais difícil, os famosos surtos. Alucinações, oscilações de humor bruscas, depressão grave, e o pior, os pensamentos suicidas. No momento em que eu estava passando por isso, eu não conseguia me dar conta, eu não me lembro de metade das coisas que eu disse, mas lembro de muitas alucinações e dos pensamentos suicidas agora, depois que todo o furacão passou. É desgastante. Desanimador. Frustrante.

Depois que todas as minhas emoções voltaram ao "normal" (não tenho uma palavra melhor), um frio percorreu o meu corpo porque foi por muito pouco que eu não morri. Por um ato impulsivo, eu ia tirar a minha vida. Porque, naquele momento, eu não conseguia controlar mais nada, tudo parecia uma enorme confusão na minha cabeça e tudo o que eu queria era dormir e nunca mais acordar pois não fazia mais nenhum sentido existir quando a minha vida não significava nada para ninguém e ainda era um peso enorme para mim mesma. A morte se tornou uma obsessão de modo que eu pensava nela vinte e quatro horas por dia. Foi por tão pouco... E olha eu agora... Tudo aquilo passou do mesmo jeito que veio: de repente! Mas eu não estou escrevendo para me lamentar ou me arrepender, estou aqui para mostrar as faces do borderline ou de quem sofre um transtorno mental qualquer. Não tem como a pessoa querer ou não pensar em morte. Simplesmente vem. A minha sorte é que eu tive vários componentes de ajuda: a) um segundo de lucidez quando avisei o psiquiatra; b) um psiquiatra que se importa; c) um marido que compreende e tenta ajudar e d) uma mãe que está aprendendo a lidar com a situação. Mas e se eu não tivesse nada disso? Eu tenho certeza que eu não estaria mais aqui. E sei que pessoas se matam porque não tem ajuda, porque se sentem tão sozinhas ou estão em surto (como eu estava naquele momento). Você não consegue pensar direito quando suas emoções estão em desequilíbrio, você simplesmente é carregado por elas. Foi assim que eu me senti, estava rendida.

Na minha mente agora parece que nada disso aconteceu. Foi um pesadelo. Uma história que alguém me contou. O problema é que tem testemunha de muitas coisas, exceto das alucinações e do momento particular em que eu pude sentir a morte me rondando. E, hoje de manhã, no silêncio, eu até sorri, e percebi porque isso se chama "borderline", "fronteira"... porque eu nem vivo completamente na sanidade, nem completamente na insanidade. Aos poucos, pedaços de mim enlouquecem, para depois se reconstruirem e parecem normais por fora, e de repente, tudo se quebra, se despedaça, e lá vou eu, para a fronteira da insanidade, nem tão longe demais, nem tão perto demais da loucura total. Eu nunca sei o que esperar de mim mesma. Mas depois dessa última experiência, eu compreendi que eu devo ter ainda mais compreensão e amor próprio, e confiar no meu tratamento. Se eu ainda tenho esperança? Bem... dizem que ela é a última que tem que morrer.




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