Sabe, eu não sei dizer como é o meu caso, porque eu já tive momentos de estar praticamente enlouquecendo.
Não era simplesmente a angústia, os sentimentos.
Eu era incapaz de fazer qualquer coisa.
Incapaz de sair de dentro das minhas próprias emoções, como uma bolha que se formava.
É como digo no meu poema - ou tentativa de - "Linha de Borda": uma masmorra com grades de vento. E eu tive - e tenho ainda, em momentos de muita angústia -, sintomas neuróticos seríssimos, daquele tipo que quase pula para a psicose, com delírios que você não acredita com a razão, mas é simplesmente real pra você.
Pensar que eu me transportava por duas - ou mais - realidades paralelas. Temer o tempo todo que aparecesse alguém dos lugares mais inusitados.
Deixar de me sentir real. Acreditar que estou vivendo um sonho, ou uma lembrança, ou uma alucinação.
E por aí vai. Fora as imagens assustadoras que costumavam surgir em minha mente sem qualquer estímulo. Daria pra encher uma galeria com coisas fascinantemente bizarras se eu soubesse pintar.
É provável que uma parte disso seja alguma outra tendência minha em se tratando de transtornos, visto que quem tem um geralmente tem mais alguns. Mas, pelo desenrolar da minha recuperação, e tudo o que aprendi na terapia, todas essas coisas absurdas se manifestavam dentro de mim porque eu não entendia e não conseguia lidar com minha intensidade.
Dia desses, minha psicóloga sugeriu que eu assistisse o filme Cisne Negro - eu não escrevo mais no blog sobre Borderline, mas fica aqui minha sugestão para que você, Wally, assista ao filme e escreva um post fazendo as associações cabíveis.
O filme é com a Natalye Portman e ainda está no cinema. Mas vou concluir o que eu queria dizer.
Dentre outras coisas, o filme me mostrou de uma forma bem didática e dolorosa o quanto é difícil juntar a nossa luz com nossa sombra, e que ser tomada por qualquer uma delas isoladamente só pode dar em merda.
Enfim... Fui bem longe no comentário. Rs.
Eu só queria dizer que eu me considero uma Borderline de 'grau' moderado a grave bem adiantada em minha recuperação.
Ainda tenho dificuldades no convívio social - realmente não sei se esses processos por que passo em publico são Border, mas a intensidade age em cima deste processo também -, e estou agora começando a realmente por o pé lá fora e enfrentar os meus fantasmas.
Custe o que custar, eu aprenderei a conviver com o mundo.
É como quando que resolvi que pior não podia ficar, então era melhor eu ter esperanças e me empenhar em melhorar, pois, mesmo que eu não conseguisse, tudo bem, pois eu já estava acostumada a ser um peso pseudo-morto que reagia a cada singelo toque de pena.
O bom é que deu certo. Eu me empenhei tanto que estou hoje já colocando em foco o mundo lá fora, quando, até hoje, o foco da terapia só conseguia ficar no meu caos particular.
Então, agora, com a mesma determinação e coragem de enfiar em mim a própria coragem que não existe, eu ponho meus pés no mundo.
O método que desenvolvi para meu autocontrole foi me escrever. Personagens de 'alter-ego', poesia, devaneios acerca do que me toca tão intensamente - ou seja, TUDO.
Assim, eu libero a enorme energia mental e emocional de uma forma que não prejudique nem a mim, nem aos outros.
Desculpa aí pelo comentário de extensão absurda. Rs. Um beijo! E não esqueça do filme. Vale à pena!
(by Hami)