Distúrbios mentais e suicídio
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Distúrbios mentais e suicídio


Distúrbios mentais na infância podem predizer futuras tentativas de suicídio
Patricia Matey - Madrid (07/04/2009)

. Doenças psiquiátricas não é um fator preditivo de suicídio nas meninas
. Os problemas de conduta mais frequentes naqueles tentam ou consumam o suicídio

Poder prever que um adolescente tentará suicidar-se é possível em boa parte dos casos em que se pode ter um olhar retrospectivo. Um novo trabalho científico traz evidências de que a maioria dos jovens que tentam ou tiram a própria a vida tinha problemas psiquiátricos aos oito anos, uma  informação relevante que deveria nos levar a refletir sobre a importância da detecção e tratamento precoce dos distúrbios mentais no período da infância. 

Não ocorre o mesmo no caso das garotas. "Ter padecido uma doença mental na infância não prediz o suicídio feminino. Esta descoberta está inserida no contexto dos estudos prévios que têm indicado a complexa associação entre o sexo e o suicídio", comentam os pesquisadores, liderados por Anfre Sournader, do Departamento de Psiquiatria Infantil do Hospital Universitário de Turku, na Finlândia. 

A cientista, em declaração ao jornal elmundo.es, afirmou que "em todos os países europeus, os suicídios são mais frequentes nos garotos que nas garotas, ainda que o índice de tentativa delas seja maior do que o deles".

O suicídio na Espanha já é a segunda causa de morte entre os adolescentes de 15 a 24 anos. Um dado preocupante não só em nosso país. Em 23 de março próximo, Sue Minto, diretora de ChildLine (o serviço telefônico britânico para a prevenção do suicídio) anunciava que o número de jovens que tinha recorrido ao serviço triplicou nos últimos cinco anos.

Teste para sintomas depressivos

A investigação, recentemente publicada na revista Archives of Geral Psychiatry, faz parte do trabalho conhecido como “Estudo Finlandês dos Nascidos em 1981”. Nele estão inclusos 5.302 participantes que tem sido examinados dos oito aos 24 anos. Os cientistas recolheram informações de pais, professores e mesmos dos participantes por meio de questioníaros que descrevem a existência de distúrbio mental e problemas de conduta. Foram feitos testes nos meninos e meninas para avaliar a existência de sintomas depressivos.

Das mortes ocorridas entre os participantes masculinos, na faixa de oito a 24 anos, 13 foram suicídios. Entre as garotas, de 16 mortes apenas duas se deram por meio do suicídio.

"Um total de 54 participantes consumaram ou tentaram o suicídio, provocando internamento hospitalar.  Dos homens que morreram ou tentaram suicidar-se, 78% deles aos oito anos tiveram transtornos psiquiátricos claramente determinados contra 11% das mulheres", são as conclusões do trabalho. 

Outros dados que desenham o perfil dos jovens com mais risco de tentar tirar a própria vida ou de conseguir isso são os "que pertencem com mais frequência a famílias sem pais biológicos e que seus professores tenham detectado  algum distúrbio de conduta, como problemas emocionais ou hiperatividade quando eram meninos", acentuam os pesquisadores. Por outro lado, os sintomas depressivos relatados pelos menores não foram fator preditivo de suicídio.

Um dos aspectos que mais claramente presente no trabalho investigativo é que entre os jovens "as tentativas de suicídio ou a sua consecução sinaliza algo que persiste ao longo da vida e que se inicia na infância. De fato, em cinco dos casos os níveis de sintomatologia psiquiátrica aos oito anos eram muito elevados. A ansiedade foi o transtorno que mais fortemente relacionado com o fato de se tirar a vida ou de tentar fazê-lo", apontam os autores.
 
Buscar ajuda

A partir da perspectiva da "prevenção do suicídio há que destacar que nenhum dos participantes masculinos que tinham um grave risco de se suicidar havia se consultado com algum especialista, um dado que já se observou em outros trabalhos prévios, que têm constatado que aqueles que tentam suicidar-se costumam consultar menos os profissionais da saúde do que o resto da população", relembram os pesquisadores.
 
Diante destas descobertas, os pesquisadores acham que a comunidade médica deve realizar um esforço extra para convencer as pessoas de alto risco a que busquem ajuda nas consultas.

"Só uma pequena parte dos meninos com distúrbios mentais são diagnosticados e só uma pequena parte deles recebe tratamento. Este é um dos principais desafios que os serviços de saúde pública dos países desenvolvidos precisam enfrentar. Os meninos têm o direito de passar por uma avaliação psicológica e ter também acesso ao tratamento para seus problemas psiquiátricos. Isto deveria ser uma prioridade do sistema de saúde", propõe a responsável pela pesquisa.

É também proposta da pesquisadora a realização de revisões efetivas para detectar e tratar os problemas mentais dos meninos como "uma prática permanente de prevenção do suicídio masculino, com foco especialmente nos garotos com problemas graves de conduta que não tem tido acompanhamento médico. Investigações posteriores deverão ser realizadas para garantir que estas medidas preventivas na fase infantil reduzam as taxas de suicídio na idade adulta". 

Fonte: http://www.elmundo.es/elmundosalud/2009/04/06/psiquiatriainfantil/1239047628.html

Tradução: Abel Sidney 
Com o auxílio do programa de código aberto (open-source) Apertium, de tradução automática (http://www.apertium.org/)



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