Mais um posto de socorro, no Piauí
Sintomas e tratamentos

Mais um posto de socorro, no Piauí


Uma excelente notícia é a que se estampa no trecho de reportagem abaixo transcrito.

Solidariedade na dor: ONG ajuda pessoas que não confiam na vida

O alto índice de ocorrência de suicídio em Teresina chama atenção para a necessidade de saber lidar com o tema.

Waldelúcio Barbosa 

A professora de Letras Espanhol, Késia Mesquita, passou por um momento de dor quando sua irmã Débora foi diagnosticada com transtorno bipolar e não encontrou um local onde pudesse buscar informações sobre a doença psíquica que acometia sua familiar. Até que as crises se intensificaram e a jovem de 24 anos consumou o suicídio há cerca de 4 anos.

Após a morte da sua irmã, a cantora gospel também entrou em um quadro grave de depressão e no meio do seu tratamento teve a ideia de montar uma ONG com a intenção de desmitificar o preconceito de se procurar um psiquiatra ou psicólogo. O intuito inicial era trabalhar com palestras, mas devido a alta demanda de potenciais suicidas que psicólogas voluntárias se ofereceram para clinicar e atender a comunidade.

Para Késia, outro desafio foi enfrentar o preconceito religioso, já que congrega na igreja evangélica Assembleia de Deus, e segundo ela, existe barreira nas igrejas que possuem certa resistência entre os próprios fiéis em lidar com o assunto como um problema de saúde pública.

“Eu senti que precisávamos conscientizar a população de quando alguém está doente, precisa de ajuda e saber dividir a área espiritual e médica”, avaliou.

Atualmente, o Centro Débora Mesquita – Equilibrando corpo, alma e espírito, presta o serviço de informação e também atua na prevenção ao suicídio atendendo cerca de 35 pessoas por mês. Os atendimentos são gratuitos e acontecem na sede da ONG.

“O nosso papel é acolher. Os casos mais graves precisam ser encaminhados para a rede de atendimento, pois nós não temos psiquiatras. Nós também realizamos um trabalho de sensibilizar a sociedade sobre causas, sintomas e tratamentos disponíveis para os transtornos psíquicos”, acrescentou.

Segundo a presidente, a organização tem conseguido alcançar o seu objetivo, e principalmente, tem feito as pessoas buscarem ajuda, pois já que não funciona em um hospital quebra uma barreira e resistência das pessoas. Uma das metas para 2016 é a implantação de um método inédito, em que voluntários realizam o acompanhamento dos pacientes mesmo após a sua alta para saber como anda o seu processo de recuperação.

Projeto como saída para diminuir a dor

O tema suicídio ainda gera muita polêmica e tabu nas conversas e debates realizados pela sociedade, mas de acordo com Késia Mesquita, esse é uma assunto que deve ser mais abordado e discutido para fazer com que o maior número de pessoas tenham informações corretas sobre o assunto e consigam ajudar todos aqueles que precisam de um apoio, de serem ouvidos e ajudados.

“Existe um mito entre as pessoas que dizem que quando não podemos falar sobre suicídio. Isso não é verdade, é importante discutir sobre o assunto, mas com responsabilidade, porque quando uma pessoa que está pensando em suicídio percebe que pode receber ajuda, ela se sente mais a vontade para desabafar”, avaliou.

Késia Mesquita também faz uma critica ao poder público que não elabora nenhuma campanha efetiva em combate ao suicídio. Segundo ela, os trabalhos individuais e de organizações têm sido de suma importância para ajudar centenas de pessoas, tanto que após a ONG, outras igrejas evangélicas também têm desenvolvido projetos com objetivo de informar mais sobre o assunto.

“Esse projeto foi o nosso escape, porque é uma dor indescritível e enquanto eu não olhei para outros casos, eu me consumia na própria dor e quando despertei para olhar que outras pessoas também estão passando por aquele momento difícil é que pude me libertar”, afirma.

ONG pretende se expandir para atender mais pessoas

O trabalho é grande e os planos são ousados, inclusive, em tornar a organização em um centro, onde os pacientes em casos mais graves possam ter um local para dormir e receber tratamento mais próximo em momento de crises. “Nós estamos abertos para receber ajuda e apoio de todos que queiram participar do nosso projeto, pois ainda temos muito o que fazermos, porque esse ainda é um projeto familiar que precisa de mais voluntários para que possamos ajudar outras famílias que passaram pelo mesmo drama que passamos, acrescenta.

Késia Mesquita afirma que o local é mantido por ofertas e doações e recentemente chegou a gravar um CD, em que toda renda das vendas será revertida para as ações desenvolvidas. O CDM funciona na rua Jacob Martins, 791, no prédio da Convenção Estadual da Assembleia de Deus do Piauí (Ceadepi), no Bairro Parque São João, na zona Sul de Teresina e atende pelo telefone (86) 99827-3343.

Fonte: http://jornal.meionorte.com/theresina/solidariedade-na-dor-ong-ajuda-pessoas-que-nao-confiam-na-vida-285215



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