Sintomas e tratamentos
Não é tão simples assim!
Eu sei, dei uma sumida deste blog. Quando a gente fica bem - bem até demais - começa a querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo e meio que não quer desgrudar do momento bom, eu não queria largar nem por um segundo meu momento de alegria. Dois meses sem surtos, sem delírios, sem alucinações, sem impulsos, sem raiva exagerada, quase uma pessoa "normal" (se é que isso existe!).
Houve dias em que senti tristeza, mas mesmo chorando eu continuava fazendo as coisas que sempre faço: um ritual diário (que agora não parece fazer o menor sentido), técnicas de "acupuntura sem agulhas" que não mudaram muita coisa [para mim - lembre-se, cada pessoa é única], terapia com cristais apenas relaxa, assim como o Reiki, são sessões muito boas para quem tem problemas com ansiedade e isso eu recomendo... Faço yoga diariamente porque eu gosto e me faz bem, eu respiro melhor e meu corpo tem maior estabilidade. Também faço meditações de vários tipos e isso me deixa tranquila por alguns minutos... Aliás me deixou em plena felicidade por algumas semanas. Continuo usando o Floral de Joel Aleixo mesmo achando que não passa de efeito placebo. E não parei nenhum medicamento (só reduzi o rivotril), nem parei a terapia. Ou seja, eu continuo fazendo tudo o que eu me propus a fazer.
E como eu disse no outro vídeo, e parece que eu previ, coisas ruins acontecem, e tudo bem, haverão crises, e tudo bem... Uma crise de tristeza foi fácil de passar. A tristeza é um sentimento comum, normal, humano. Agora uma crise com delírios, paranoia, alucinação e rompimento temporário com a realidade, ah, meu amigo, isso é outra história. O discurso de "vai ficar tudo bem" funciona até certo momento. Quando você "enxerga" uma pessoa fora de contexto refletida no espelho, com a mão no seu ombro, com um aspecto sombrio da morte - e detalhe: que não existe - não adianta de nada respirar fundo e fechar os olhos. Dali para frente é só descida.
Eu sou sortuda por ter consciência das alucinações. Eu vejo sangue, pessoas mortas, eu me vejo sangrar, e vejo pessoas que não existem, escuto vozes na minha cabeça, e tenho muitos pesadelos. Ás vezes meu olhar fica perdido no tempo, e quando alguém me traz de volta eu não me lembro o que estava pensando. De repente, em meio a uma discussão mais acalorada, as pessoas falam que eu mudo de "personalidade" e digo coisas horríveis das quais eu não me lembro. E aí? Não vou tomar um remédio mais forte porque "respira fundo que vai passar"? Não passou! É fácil fazer um discurso bonitinho quando você não é assaltado por esses delírios e rompimentos com a realidade. Isso dói. Dói ver uma parte da sua mente lentamente se dissolvendo em fantasia e irrealidade, sofrimento e escuridão, mesmo você tentando, com todas as suas forças, lidar contra isso. Todos os dias. Uma luta sofrida para colocar de pé uma mente tentando se construir. Onde foi que eu me perdi? Qual é o problema comigo? Estou começando a me sentir culpada por estar doente, por ter uma parte de mim enlouquecendo bem na minha frente, por ter essa voz gritando dentro de mim... Eu não posso tirar ela daqui de dentro e isso é o mais desesperador... Não há respiração, yoga, meditação que a faça parar de falar, só remédios - e por algum tempo... e eu nunca sei quanto. (não fique com pena, é minha experiência de vida, fazer o quê!)
Eu sei, estou com raiva, frustrada, impaciente. Estou escrevendo com bastante raiva de mim e muitas pessoas. Agora estou me sentindo enganada por algumas delas. Elas me deram esperança e eu não sei se eu poderia ter essa esperança. Tudo para mim é meio perigoso porque eu vou de um extremo para outro muito fácil e agora estou naquela linha bem vulnerável onde eu não sei no que vai dar. Estou com medo e eufórica. Estou tranquila e com muita raiva. Tudo ao mesmo tempo. Misturado. Realidade e fantasia dentro de mim se misturando. Eu duvido da minha própria existência, tento evitar os pensamentos de auto mutilação e de suicídio. Eu me sinto sozinha e abandonada e um peso para as pessoas ao meu redor. O desespero toma conta de mim e eu não vejo mais saída além de abandonar o barco. A morte. Mas eu ainda estou aqui. Escrevendo. Indo contra todos os pensamentos na minha cabeça. Eu não sei mais quem eu sou ou para quê eu sirvo nesta vida, mas eu não vou morrer assim tão fácil... Eu não sei o que vai acontecer comigo daqui para frente, a minha mente está bem confusa, mas se eu puder lhes dar um conselho é: não desistam fácil de si mesmos, lutem mesmo se arrastando, não importa, criem resistência contra a doença, cuidem da mente de vocês como se fossem seus filhos... Quarta-feira tenho consulta com a psiquiatra... Estou com um pavor tremendo de não conseguir sobreviver até lá.
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