O inicio de uma nova compulsão
Sintomas e tratamentos

O inicio de uma nova compulsão



Não existe nada mais frustrante do que descobrir-se com uma nova doença mental quando você já está melhorando de outra, mas aí você se dá conta que, na verdade, essa doença não é nova e faz parte da doença original. 

Há alguns anos, aliás desde que eu comecei a trabalhar eu tenho desenvolvido um pensamento que eu achava normal e inocente de que dinheiro não era tão importante assim e deveria ser gasto. Claro que era fácil pensar assim tendo uma casa, comida e uma família, mas eu não me sentia feliz com nada disso. A casa não era minha, na verdade, eu e minha mãe morávamos de favor na casa da minha avó. Eu nunca pude comer o que eu queria porque ou era caro demais ou estranho demais (o que? vegetariana? nem pensar! quando VOCÊ estiver trabalhando aí pode comer o que quiser!). E minha família era desestruturada, meu pai me abandonou quando eu era bebê, apareceu por 20 minutos quando eu estava com 18 anos, sumiu, e depois reapareceu quando eu tinha 26 anos porque teve uma crise de consciência e achou que iria morrer e depois? Advinha? Sumiu de novo. Minha avó é ou era católica fervorosa. Minha mãe sempre ocupada demais trabalhando ou frequentando o AA por causa do meu padrasto que aliás tinha claros problemas mentais e ninguém percebeu. Eu não estou com ódio, isso são fatos, a realidade, o que aconteceu, é a história que eu vivi para pode explicar para vocês porque está acontecendo uma nova compulsão comigo agora.

De uns meses pra cá eu tenho gasto freneticamente, sem pensar, sem planejar, como se o mundo fosse acabar amanhã, na verdade, tentando preencher um vazio que sei lá de onde vem. Gasto porque meu ego acha que eu posso e eu devo, afinal não era isso que as pessoas queriam, elas não queriam que eu trabalhasse, ganhasse meu próprio dinheiro e deixasse de ser inútil? (hum o peso das palavras são difíceis de tirar não?). Minha mente está se desvirtuando de um caminho que eu demorei anos para colocá-la. Eu deixei de vigiar? Pelo amor de Deus o que eu fiz de errado? O que eu não vi? Acho que eu não quis admitir para mim mesma que eu tenho problemas com dinheiro por causa do meu passado. 


Antes que essa coisa toda de compulsão por gastar vire uma bola desastrosa de neve e eu acabe até sem casa, decidi pedir ajudar para o meu marido. Ele sabe como eu me sinto, é o único que pode me ajudar. Lá se foram...confiscados meus cartões. Eu chorei. Chorei copiosamente enquanto os entregava a ele, nem eu sabia que existia tanto apego a um plástico. Mas era através desse plástico que eu maquiava a dor, que eu fingia que ela não estava lá, foi só mais um mecanismo sádico que a minha mente doente arranjou para não enfrentar a realidade das coisas. Mas eu já disse e voltarei a dizer: eu posso não ter total controle sobre a minha mente agora, mas eu tenho algum controle e eu uso isso ao meu favor. Eu não vou me deixar ser controlada por doenças como essa. Eu vou lutar com todas as minhas forças. E nem vem me dizer que não tem cura, me curei de uma compulsão uma vez e estava bem avançada, essa está moderada, então com certeza eu consigo outra vez. 



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