Sintomas e tratamentos
Procrastinar
Este palavrão, que provavelmente poucos conhecem o significado, é algo que, pelo menos de vez em quando, todos nós praticamos. Procrastinar é adiar para mais tarde o que sabemos que deve e tem que ser feito agora. Fazemo-lo porque o que temos pela frente é maçador, chato, emocionalmente ou fisicamente desagradável, embaraçoso, etc. Enfim, doloroso de alguma forma, em maior ou menor grau.
Faz parte do ser humano - e não só- o evitar da dor e do que é desagradável. Podemos então dizer que este verbo é legítimo. Porém, e como seres inteligentes que somos, sabemos que a chatice - dor - de agora vai evitar dores futuras ou trazer reais ou potenciais vantagens. É a pensar nisso que nos submetemos à cadeira do dentista, que vamos trabalhar todos os dias, que estudamos, que limpamos a casa.
Não fazemos nada de graça, nem a mais altruísta das pessoas. Trabalhamos para ganhar dinheiro para sustentar a família, estudamos para ter um futuro melhor, ajudamos os outros para preencher um vazio interior. Nestes casos visamos uma vantagem. Quando limpamos a casa evitamos a exposição à sujidade e por conseguinte às doenças associadas, quando vamos ao dentista evitamos futuros problemas dentários. Aqui, evitamos uma dor.
Por vezes damos por nós a evitar vantagens (ver post Medo do Sucesso aqui) ou a não evitar uma dor. A primeira das situações é explicada no post indicado mas a segunda, mais intrigante, é pouco compreendida e confundida com preguiça. Eu diria que a preguiça não existe, a única coisa que existe é falta de motivação. Num estado de preguiça, obtemos um certo prazer com ele. No caso da falta de motivação, não. Se não limpamos a casa sentimos-nos mal, quer pelo facto de estar suja, quer porque reconhecemos que se o fizéssemos nos faria sentir menos culpados, mais animados. De facto, procrastinamos porque não temos motivação suficientemente forte que nos impela à acção. Não temos razões suficientes para nos submeter a um processo doloroso para evitar uma dor futura. Exageramos a dor presente em prol da dor futura. Agora, é sempre mais difícil do que imaginamos ser mais tarde. Para quê já, para estragar o pouco prazer que nos resta, nem que seja na inércia, se podemos fazer mais tarde?
Na verdade, não sentimos assim tanto prazer, antes pelo contrário, sentimos falta de ânimo. Adiar torna-se num ciclo vicioso, uma bola de neve por vezes, e a culpa e mal estar começam a vir ao de cima. Mas continuamos a adiar, pois a partir de uma certa altura já não conseguimos associar o mal estar que sentimos à procrastinação.
Por vezes adiar as coisas repetidamente é um dos sinais da depressão, mas sem entrarmos no campo da patologia, é um forte indicador de que algo não está bem. Se dermos por nós a procrastinar muito, há que nos sentarmos e analisarmos o que se passa. A desmotivação tem sempre factores psicológicos associados, uma contradição entre o que queremos e o que devemos, e por vezes o que queremos está desajustado, desfocado, atrofiado por uma auto-culpa ou perca de fé e de auto-estima, ou então a desvalorização da recompensa obtida pela acção.
De repente, as coisas acumulam-se e tornam-se um monstro que nos assusta. Nessa altura surge o desespero perante tão grande empresa que temos pela frente. Dos outros ouvimos: "Porque não fizeste isto há mais tempo?" Será que têm razão?
"Não julgues as minhas acções (ou ausência delas neste caso) se não conheces as minhas motivações".
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