Sintomas e tratamentos
Quando a barriguinha saliente ameaça a sua saúde? Descubra!
Pneuzinhos. O apelido é engraçadinho, mas a verdade é que não há nada divertido sobre a gordura abdominal. O tipo de gordura que adere à região tende a ser um dos mais difíceis de perder e mais resistentes aos exercícios localizados, como os abdominais. À medida que a mulher amadurece, a barriga se torna o destino inevitável da armazenagem de gordura, numa espécie de redistribuição desses depósitos, que nem sempre têm relação com ganho de peso. Por volta dos 40 anos, a queda dos níveis de estrogênio, que se acentua com a menopausa, pode ser determinante para definir novos contornos corporais – em vez dos quadris e do bumbum, é a circunferência abdominal que cresce.
O acúmulo de gordura nessa parte do corpo ocorre de duas maneiras distintas. Primeiro, sob a forma de gordura subcutânea – aquela que o professor da academia mede pinçando com os dedos. A outra é a gordura visceral. “Ela se acumula nas camadas profundas do abdome, em volta de órgãos importantes, como fígado, pâncreas e intestino”, explica a endocrinologista Cintia Cercato, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Diante do espelho, o primeiro tipo pode até ser mais ameaçador. Mas é o segundo, mais difícil de identificar, que deixa os médicos preocupados.
Escondida ou não, um pouco de adiposidade visceral no organismo é essencial para a saúde. A gordura, assim como os músculos, é metabolicamente ativa. Tem funções como regular a temperatura corporal e contribuir para a produção de hormônios que sinalizam ao cérebro quando se está com fome ou satisfeito. Em excesso, porém, se torna uma vilã. Isso porque as células de gordura podem se conectar aos órgãos da cavidade abdominal, prejudicando seu funcionamento. Além disso, produzem substâncias inflamatórias, que levam à resistência à insulina, fator de risco para diabetes, hipertensão e doenças do coração.
Para detectar o perigo, o cálculo do índice de massa corporal (peso dividido pela altura ao quadrado), referência para a classificação de peso saudável e obesidade, não basta. O que vale é a fita métrica. Se a medida da cintura dividida pela dos quadris resultar em mais que 0,85, você está acima do limiar considerado saudável. O tipo físico mais ameaçado é o maçã, com pernas e quadris finos e barriga inchada e arredondada. Mas, de qualquer maneira, se a circunferência abdominal for maior do que 80 centímetros (máximo recomendado) também é preciso ficar atenta. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde, nos Estados Unidos, revelou que a taxa de mortalidade entre mulheres com índice de massa corporal (IMC) normal, mas com circunferência abdominal acima do recomendado, foi 32% maior do que entre as obesas (que possuem IMC acima de 30).
Se, entre os cientistas, empolgam as descobertas sobre os tipos de gordura abdominal, sua utilidade e os riscos, que mudam conforme a localização, não parece haver novidade no que diz respeito às causas do problema. Além de alimentação desequilibrada, sedentarismo e hormônios, a predisposição genética desempenha papel importante na formação do tecido adiposo visceral. Para se livrar dos dois tipos, não existe fórmula mágica: o combo alimentação saudável e atividade física regular é a melhor saída. Mas existem outras atitudes que ajudam nessa empreitada.
Prestar atenção não apenas no que você come mas também nas suas escolhas ao longo do dia e perceber quando está satisfeita é a chave no processo de controlar o peso. Mastigar bem, saborear os alimentos e saber identificar o que é fome e o que é emoção na hora de se alimentar, acredite, se reflete na balança. Uma pesquisa recente da Universidade Brown, nos Estados Unidos, revelou que mulheres adultas com dificuldade de se concentrar nessas questões apresentaram 34% mais risco de se tornarem obesas e com excesso de gordura abdominal. Já ouviu falar em mindfulness? Trata-se da prática de colocar atenção total no que está fazendo no momento, inclusive no ato de comer. “Com a mente distraída e o pensamento acelerado, como muita gente vive no dia a dia e na hora das refeições, é mais provável reagir por impulso em vez de agir como protagonista das suas escolhas e fazer opções sábias”, observa o irlandês Stephen Little, diretor do Centro de Vivência em Atenção Plena, em São Paulo, e um dos pioneiros da introdução das práticas de mindfulness no Brasil.
O stress, garantem os especialistas, tem grande parcela de culpa. Isso porque o cortisol, hormônio liberado em excesso em situações de tensão, propicia um aumento das taxas de glicose no sangue e, por questões bioquímicas, isso leva o organismo a acumular gordura – principalmente na região abdominal. Sem falar que, para muita gente, um jeito mais imediato de aliviar o stress é... comendo. Encontre hobbies e atividades de relaxamento e encaixe-os na sua rotina.
A melhor estratégia para eliminar a gordura subcutânea é fazer treinos intervalados, que alternam períodos em alta intensidade com outros em ritmo mais leve. “A variação de estímulos gera um desequilíbrio que faz com que o metabolismo permaneça acelerado e a queima de gordura aconteça por várias horas depois do fim da atividade”, explica o fisiologista Luiz Carnevali, consultor técnico da Bio Ritmo, em São Paulo. Quer resultados melhores ainda? Combine os intervalados com treinos de força, que aumentam a massa magra – quanto mais músculos, mais alta é a taxa metabólica de repouso, determinante para a perda de peso.
Os exercícios localizados não são capazes de definir a barriga porque não promovem queima de gordura significativa no local. O tanquinho só aparece depois de perder peso. No entanto, a musculatura da região abdominal, quando fortalecida, requer energia mesmo em repouso e recorre a fontes próximas – a gordura visceral. Além disso, esse tipo de movimento ajuda a corrigir a postura, o que evita, por exemplo, aquela barriguinha protuberante de quem sofre de hiperlordose.
Eles atrapalham a ação das enzimas gástricas e, dependendo da bebida, aumentam o valor calórico da refeição, o que contribui para o acúmulo de gordura. Cerveja e refrigerantes açucarados devem ser consumidos com moderação até mesmo nos intervalos por um motivo óbvio: têm muitas calorias e são pobres em nutrientes.
“Quando a meta é perder barriga, não podem faltar fibras (alimentos integrais, quinua, linhaça, frutas e verduras), que reduzem a absorção de gordura pelo organismo e aumentam a saciedade”, esclarece a nutricionista Liane Buchman, da clínica Body Health, em São Paulo. A chia, outra fonte de fibra, diminui o índice glicêmico das refeições, evitando picos de açúcar no sangue e adiando a sensação de fome. Pão, macarrão, bolos e biscoitos produzidos com farinha refinada, por outro lado, devem ser deixados de lado. “Eles são carboidratos de fácil digestão, que liberam açúcar no sangue rapidamente e levam ao acúmulo de gordura”, explica a nutricionista Patricia Davidson Haiat, do Rio de Janeiro.
Cortar completamente a gordura pode não ser a melhor estratégia. Em quantidades controladas, abacate, sementes, castanhas
e azeite de oliva, todos fontes de gorduras boas, ajudam a regular a produção de insulina e, por interferir na absorção de vitaminas, promovem a sensação de saciedade. Seus benefícios foram divulgados em uma revisão de estudos científicos realizada pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Outra dica importante é dispensar os líquidos durante as refeições e dizer sim às fibras, equilibrando, dessa forma, sua dieta.
Tratamentos estéticos são indicados, principalmente, para remover aquela gordura resistente a dieta e exercícios. Alguns têm efeito auxiliar, como a drenagem linfática e as massagens modeladoras, ao estimular a circulação local e as trocas com as células do tecido adiposo. Para um efeito mais dramático, aposte na criolipólise, que provoca a destruição das células de gordura por meio do resfriamento da região tratada. Ou no laser. Conhecido como I-Lipo, produz um feixe de luz que penetra na pele e rompe a membrana dos adipócitos, liberando a gordura na corrente sanguínea para ser aproveitada como energia. Até por isso, recomenda-se fazer exercícios nas horas seguintes às sessões, até dez horas, no máximo.
Fonte:
http://mdemulher.abril.com.br/saude
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