Sintomas e tratamentos
Depoimento Borderline - Isabela
Tenho 20 anos e sinto um vazio imenso e que só foi crescendo há dois.
Sofri muito bullying durante toda a vida escolar desde os primeiros anos do primário; muito por conta da minha relação familiar que era demasiadamente cuidadosa comigo.
Creio eu que a rejeição me desenvolveu esse transtorno, o qual fui diagnosticada portadora faz um mês.
Fui internada duas vezes em uma clínica psiquiátrica. A primeira por tentativa de suicídio (tomei 60 comprimidos de rivotril 2mg) e a segunda porque tive um surto psicótico quando meu então namorado estava comigo.
Obviamente nosso namoro foi permeado por diversos altos e baixos. Eu ligava para ele no meio da noite, completamente surtada e paranoica e no instante seguinte implorava para que ele não me abandonasse, e eu não queria realmente que ele me deixasse porque eu sentia que minha vida não existia sem sua presença.
Foi um ano e meio de namoro, estávamos noivos, ele com suas roupas todas em minha casa somente aguardando uma chance de vir realmente para cá, traições mútuas e de diversos tipos...
Terminamos quando eu decidi voluntariamente ir para a clínica. No mesmo dia. No mesmo instante. No caminho eu desci diversas vezes do carro, ele teve que me seguir com o carro parado no meio de uma avenida, me puxar...
Eu estava correndo, me sentindo livre e presa ao mesmo tempo... Eram 23:00. Em minha estadia na clínica, que já conhecia, eu percebi que não precisava dele para viver.Me senti bem por estar só e poder fazer o que antes não podia devido a grande disponibilidade que dava. Me doava totalmente. Vivia por outra pessoa literalmente.
Duas semanas se passaram e eu saí ansiosa para saber se ele tinha me enviado algum e mail. Não enviou. Eu, na verdade, sabia que ele não faria isso devido ao seu orgulho enorme, então, depois de dois dias em casa, resolvi mandar um eu mesma o convidando para tomar um café e discutir nosso fim de relação. De um jeito, pelo menos, amigável.
Ficamos juntos mais dois dias, e eu estava tão acostumada a ficar só que preferi terminar de uma vez. Não dava mais certo e eu não estava disposta a reconstruir tudo novamente. Era muita força e eu estava sem fé nenhuma na vida.
Passaram três dias desde que terminamos e eu não liguei para ele, não mandei mensagem, não sinto sua falta. Estou centrada em mim mesma. Preciso terminar algo que começo, preciso enxergar além de agora em diante.
O pensamento suicida é constante, tenho muito baixa auto estima, me odeio, choro todos os dias por estar em uma situação sem saída. A única solução que vejo é o cinema. Parece que quando assisto um filme minha alma encosta em meu coração e diz: Está tudo bem. Eu também sofro. Continue pois eu estarei com você. É a minha solidão me fazendo companhia.
Agora estou eu, em minha solidão, escrevendo as 4 da manhã para tentar destruir o indestrutível: meu ódio por ser assim... uma estranha
Por ser estranha me sinto um lixo. Não consigo ter amigos, pois penso que eles estão me julgando mal o tempo inteiro. Não converso com as pessoas olhando no olho. Me encolho e abaixo minha cabeça para ninguém "ler meus pensamentos". Por isso, por essa mania de que estão todos lendo meu pensamento a todo tempo, eu me tornei muito sensitiva. Sinto as coisas no ar, se estão tirando sarro de mim sem falar uma palavra, pela fisionomia do rosto. Alguém entende isso? Sou completamente paranóica e o álcool me ajuda apesar de o dia seguinte ser horrível, pois ele é uma droga depressora.. Isabela
(enviado por email)
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